quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A SELVA DE PEDRA DO DOUTOR EDUARDO














Como de costume, sempre tiro um tempo para conferir algumas notícias na internet. Navegando, uma delas me chamou atenção. Trata-se de um fenômeno natural que ocorre apenas duas vezes no ano, na Rua 42, Nova York – Estados Unidos.

Cercada de grandes arranha-céus, essa rua lembra uma grande galeria e o sol, apenas duas vezes por ano, aparece por inteiro para os passantes daquele local. Só duas vezes por ano! Talvez traga aquele velho recado, utilizado para quem está desesperado, mas não quer “saltar fora da ponte da vida”. : Existe uma luz no fim do túnel."

Em princípio é isso. No entanto, se fizermos uma leitura mais atenta, podemos concluir: “Pobres dos nova-iorquinos. Falta-lhes luz, luz! Essa gente não vê o sol. Esse o destino que as megalópoles ofereceram aos seus habitantes!

Esse raro momento acontece devido a outro fenômeno, mas não da natureza e sim da ação deliberada do homem que radicalizou na verticalização das cidades. Uma luta insana e hostil contra tudo que seja natural, humano. A arquitetura de nossos dias desaparece com as aconchegantes edificações que fazem a história dos lugares e das pessoas e as substitui por “trubufus”, pseudo modernos, tornando a cidade em uma selva de pedra que nada tem de humano.

Essas construções interferem no clima, na ventilação e na iluminação, sem contar que submetem aqueles que vivem nas cidades a doenças psicológicas como a ansiedade, síndrome do pânico, entre outras.

As nossas cidades vêm sendo ameaçadas por esse crescimento desordenado, onde aos poucos se instala o caos urbano. Aqui em Cataguases não é diferente. Já convivemos com muitos “caixotões” e agora, através do projeto de lei do vereador Eduardo Shcelb,querem empedrar-nos de vez.

O grande “defensor” do município contra a desumanização das cidades é Plano Diretor Participativo, lei municipal que, entre outras coisas, estabelece diretrizes para ocupação do solo urbano. É um normativo aprovado depois da realização de audiências públicas com setores da sociedade civil, incluídos aí, associações de bairro, populares, setor público, historiadores, sociólogos, arquitetos, engenheiros etc. O nosso é de 2006 e não pode ser alterado por lei ordinária, a partir da simples iniciativa da Câmara.

O autor do Projeto, Eduardo Schelb, mantém um silêncio tumular sobre a sua “obra”. Ainda não se manifestou. Por outro lado, alguns profissionais da engenharia e da arquitetura, acompanhados de donos de imóveis no centro da cidade, movimentam-se ao ponto de “puxar” para a sessão da Câmara desavisados trabalhadores, com o objetivo de pressionar a Casa para que encaminhe a votação.

Entendo que mudar o Plano Diretor nesse momento é ir contra a boa prática democrática e a legalidade. Dez vereadores não podem mudar uma lei que foi construída coletivamente.

Até o momento, o único que defendeu a proposição do vereador Eduardo Schelb foi o setor que será beneficiado; esse, não raro, utiliza-se da velha argumentação da “geração de empregos”.

Nem tudo que reluz é ouro. Conhecemos essas manobras! Essas construções, no máximo, gerarão oferta de serviços temporários, dentro da velha relação trabalhista do “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. E tome precarização no ambiente e nos contratos de trabalho.

Por anos, esse setor expandiu-se extraordinariamente e o desemprego continua campeando. A realidade é mais convincente do que qualquer argumentação presunçosa e de fundo falso.

Quem ganha mais com determinado tipo de construções não é a cidade e sim aqueles que muitas vezes constroem casas “dignas”, desde que sejam para os outros morarem, negando as suas criações. Preferem conviver com suas famílias em agradáveis ambientes, chácaras bucólicas, em paz com o vento, com o sol, com a iluminação... com a natureza. Pode?

4 comentários:

Anônimo disse...

dá-he Carteirinho!!!

Zé Antonio Pereira disse...

Carteirinho você está corretíssimo. Esta tal "Lei Schelb" é um escárnio, um deboche, para não usar o adjetivo que ela e seus defensores merecem. Os caras querem é ganhar dinheiro aos montes e vem com essa conversa de "cercar lourenço" de geração de empregos. Geram mesmo, é a maior incidência de acidentes de trabalho entre todas as atividades ecônomicas e lucros fabulosos para seus bolsos.

Anônimo disse...

ABAIXO A LEI SCHELB!

ABAIXO A LEI SCHELB!

Edson Hessel disse...

Caro amigo Paulo Lúcio.
Achei seu artigo interessante e então publiquei em meu blog.
Um abraço
Edson Campos