segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Quem escravizou os negros?


As pessoas têm uma forma curiosa de interpretar os fatos. Utilizam uma visão simplista. Muitas das vezes, culpam a própria vítima.

Quando uma mulher é estuprada, alguns costumam falar: “Também, vestindo daquela forma, pediu pra ser estuprada”. Como se o fato da mulher se vestir mais sensual fosse um convite para o abuso. Deixando de ser vítima.

Outro exemplo de inversão de valores é na questão dos negros. Dias atrás, um candidato a presidente do Brasil, não citarei o nome, pois quero tratar do tema e não da pessoa, participando do debate no programa Roda Viva, foi questionado sobre a questão da escravidão, da dívida que temos com os negros. Segundo esse candidato, não temos dívida alguma. Tendo em vista que os próprios negros que escravizaram os negros. Segundo ele, os portugueses não pisaram na África.

Como assim os portugueses não pisaram na África? Como explicar então, que muitos países da África não falam africano, mas sim português? Não só português, mas francês, inglês, holandês... A resposta é simples: esses países foram invadidos pelos europeus. Que impuseram sua língua, religião, costumes e a escravidão. Como aconteceu no Brasil. O Brasil não foi descoberto. Mas sim invadido. Falamos português porque fomos colonizados pelos portugueses. Além da língua, os portugueses impuseram a escravidão. Que durou quase 400 anos.

A respeito da participação dos negros na escravidão aconteceu sim. Mas não porque os negros concordavam com a escravidão. Eles foram obrigados a fazer isso.

Dias atrás, estava no Rio de Janeiro, curtindo férias. Estava tomando cerveja num bar. Localizado no território controlado pela milícia. De repente para um carro na porta do estabelecimento. O dono do bar faz um sinal de joinha. Como se dissesse: tá tudo bem. O carro então vai embora.

Conhecendo a história do Rio de Janeiro, acredito eu que esse carro era da milícia. Milícia é um grupo armado que se instala num território e passa a tomar conta dele. Oferecendo “segurança”. Mas para isso, é preciso pagar uma taxa. Além dessa taxa, os comerciantes e a população são obrigados a comprar os produtos fornecidos pela milícia: gás, cerveja, cigarro, carvão, água mineral, internet, TV por assinatura...

O comerciante e população podem recusar a pagar a taxa de “segurança” e comprar os produtos que a milícia comercializa? Claro que não! Se recusarem correm o risco de perder o comércio e serem expulsos da área. Isso quando não são mortos.

Voltando a questão da escravidão na África, os negros tinham escolha? Podiam escolher se concordavam ou não com a escravidão? Claro que não. Os europeus utilizavam da mesma tática da milícia. Uso da força armamentista. Definiam aquele território com seu e obrigavam a população a aceitar suas regras.

Os europeus quando invadiam os países chegavam para as tribos e falavam: ou vocês capturam negros para serem escravos ou faremos de vocês escravos. Entre ser escravo ou capturar escravo, muito melhor capturar. Questão de sobrevivência. Afinal, quem quer se escravo?

Vou dar um exemplo. Um bandido armado aponta a arma na sua cabeça e diz: passa a carteira ou eu te mato. O que você faria? Passaria a carteira ou reagiria? Tenho certeza que passaria a carteira.

No caso da escravidão, os negros optaram por capturar os negros. Os europeus tinham força suficiente para escravizarem os negros por conta própria. Porém, acharam melhor jogar uma tribo contra outra. Tendo em vista que havia muitas rivalidades entre elas. Disputa por territórios. Questões políticas e religiosas. Os europeus aproveitaram dessas disputas para conseguir escravos sem precisar se arriscar. Ofereciam para as tribos armas e dinheiro. Em troca de escravos.

Tem uma história muito curiosa de um desses acordos. Certa vez, os portugueses chegaram numa tribo para fazer um acordo. Prometendo um monte de vantagens. Sem muita escolha, afinal, aceitava o acordo ou lutava contra os portugueses ou com a tribo financiada por eles, essa tribo acabou aceitando a parceria. Para selar esse acordo, os portugueses convidaram membros da tribo para uma grande festa. A festa ocorreu dentro de um navio português. Os negros que foram comeram e beberam a noite toda. Como já estavam dentro do navio, desarmados e embriagados, os portugueses, malandramente, fizeram deles escravos. Foi à captura mais rápida e barata da história da escravidão.

Como o leitor pode ver, assim como os comerciantes das áreas controladas pelas milícias são obrigados a concordar com as regras impostas pelos milicianos, os negros africanos foram obrigados a concordar com a escravidão. Nem por isso podemos dizer que os comerciantes e os negros são favoráveis a esse controle. O comerciante paga a milícia porque é obrigado. Não tem escolha. Ou alguém acredita que ele paga por que gosta? Que ele opta por vender os produtos da milícia por que são mais lucrativos? Pelo contrário, são muitos mais caros. Mas como não podem escolher, acabam concordando com isso.

Tanto o comerciante quando os negros são vítimas do sistema. Logo, não podemos culpá-los. Querer culpar os negros pela escravidão é desconhecer a história. É ter uma visão simplista das coisas.


quinta-feira, 28 de junho de 2018

Gol da Argentina!?

Durante a realização da Copa, a Argentina aprovou a descriminalização do aborto. Marcando um gol histórico. Resta saber se foi um gol de placa ou gol contra?

O tema é polêmico. Divide a sociedade. O resultado da votação na Argentina mostra bem isso: 129 deputados votaram a favor, 125 contra. Um placar apertado.

Eu por exemplo fico na dúvida sobre o tema. Hora sou contra. Hora a favor. Mas para nós homens falar de aborto é fácil. Afinal, não engravidamos. A quem diga que se os homens engravidassem o aborto seria legalizado. Os números mostram isso. Mais de 5,5 milhões de crianças brasileiras não tem o nome do pai na certidão de nascimento. O abandono é uma forma de “aborto” masculino.

Infelizmente, não são apenas os homens que abandonam seus filhos. Pesquisas mostram que, a cada três dias, pelo menos uma mulher vai à justiça para entregar seu filho à doação.

De posse desses dados, muitos defendem que o aborto seja permitido até a 12ª semana da gestação, quando o médico ou psicólogo constatar que a mulher não apresenta condições de arcar com a maternidade.

Muitos vão dizer: “Ah, mas engravidou porque quis!” “Por que não usou preservativo?”. Realmente, existem várias formas de evitar a gravidez: camisinha, anticoncepcional, pílula, cirurgias... . Porém, não são incentivadas. Muitas igrejas, por exemplo, condenam o uso da camisinha e de anticoncepcionais. Nas escolas o tema educação sexual não é abordado. Nas famílias os pais não conversam com seus filhos sobre sexo.

As pessoas têm medo de falar de sexo. Tratam ainda como tabu. Com isso, cada vez mais jovens engravidam ou são contaminados por doenças. Precisamos falar sobre sexo. Só assim iremos diminuir gravidez indesejável e doenças. Até porque, apesar de termos diversas formas de proteção, não são 100% seguras. A camisinha pode rasgar ou sair na hora do ato sexual. O anticoncepcional ou a pílula do dia seguinte não fazer efeito. A mulher errar na tabelinha. Confiar que o parceiro não vai ejacular dentro. Erro médico na vasectomia ou ligadura...

Como podem ver, mesmo com tantas formas de proteção não estamos protegidos. Uma gravidez indesejável pode acontecer. Nesse caso, o que fazer? Para muitos, a solução seria o aborto. Inclusive é permitido em alguns casos: gravidez oriunda de estupro, quando representa risco de vida para a mãe e feto anencéfalo (sem cérebro). Por que não para outros casos?

Apesar de proibido para outros casos, o aborto é muito praticado. Segundo a Pesquisa Nacional sobre o Aborto (PNA), uma em casa cinco brasileiras, com até 40 anos, já interrompeu uma gravidez. Estima-se que, a cada ano, um milhão de abortos são realizados no Brasil. Sendo em clínicas clandestinas ou até mesmo em casa, com uso de remédios e chás caseiros.

Não adianta a gente fechar os olhos para isso. Achar que proibindo estamos combatendo. Pelo contrário, a proibição acaba contribuindo para o aumento de abortos. Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), países onde o aborto passou a ser legalizado, aconteceu uma queda substancial no número de abortos realizados. Isso tem explicação lógica. Por trás da legalização, existe toda uma estrutura que garante acesso ao planejamento familiar, à saúde e informação. Uma gestante que queira fazer um aborto legal passará por várias etapas. Tendo acesso a diversos profissionais: psicólogo, assistente social, médicos, terapeutas... Não pensem vocês que basta chegar ao hospital e marcar o dia e a hora do aborto.

Esses profissionais vão avaliar caso a caso. Entender os motivos que levaram essa gestante a optar pelo aborto. Muitas das vezes, eles acabam convencendo a gestante do contrário. Muitos abortos acontecem devido à mulher se sentir sozinha. Ao dividir suas preocupações e medos com outras pessoas, principalmente com profissionais, muitas gestantes deixam de tomar decisões precipitadas. Que hoje leva a um aborto clandestino. Logo, a legalização é uma forma de combater o aborto.

Defender a legalização não significa defesa do aborto. Mas sim políticas públicas para as mulheres. O tema aborto é também um movimento de cunho político. Todos sabem que as mulheres são minorias na política. Sem muita representatividade, as mulheres encontraram no movimento feminista uma forma de reivindicar mais autonomia e direitos. Dessa forma, o aborto vai além da questão de ter ou não um filho. As mulheres querem mais liberdade e políticas públicas. Não aceitam que padres, pastores, pais de santo, médiuns espíritas, políticos, vizinhos e homens em geral definam sobre seus destinos. Querem elas mesmas decidirem. Não aceitam serem criminalizadas.

Como disse no começo, hora sou favorável, hora sou contra o aborto. Torço para que nenhuma mulher aborte. Mas se por acaso uma quiser abortar, espero que seja dentro da lei. Que essa mulher receba toda atenção do Estado. Não seja vista como criminosa. Não vá presa. Muito menos sofra preconceito da sociedade. Afinal, não tem penalidade pior do que o aborto. Algo traumático para quem faz. Não devemos tornar isso ainda mais traumático.



terça-feira, 17 de abril de 2018

Lula será candidato!?

Lula será candidato? Essa é a pergunta que muitos estão fazendo. E não é tão fácil de respondê-la. Afinal, a legislação eleitoral brasileira é muito complexa. Permite que qualquer cidadão realize pedido de registro de candidatura. Inclusive se tiver preso. Temos diversos casos de candidatos presos que participaram de eleições. Sendo eleitos. Conseguindo tomar posse. O que da esperança para Lula.

Registrada a candidatura, a justiça eleitoral irá manifestar sobre ela. Caso indefira a candidatura, cabe recurso. Que muitas das vezes é julgado após a eleição. Caso o candidato que ganhou a eleição tenha sua candidatura indeferida, poderá recorrer a outras esferas.

Foi o que aconteceu na eleição passada em Leopoldina. A candidatura do prefeito Zé Roberto foi indeferida. Zé Roberto foi considerado inelegível. Os votos que recebeu foram anulados. Para a justiça eleitoral Brênio Colli foi eleito prefeito. Porém, Zé Roberto recorreu. Chegou a perder em algumas instâncias. Mas acabou revertendo à situação. Sendo considerado prefeito eleito. Vale destacar que não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em outras eleições, Zé Roberto também ganhou na urna e na justiça.

Como podem ver, Lula pode sim ser candidato. Mesmo que a justiça eleitoral indefira sua candidatura, ele poderá recorrer. E Lula vai manter sua candidatura até onde for possível. Com grandes chances de jogar a decisão para após a eleição.

A candidatura de Lula serve de estratégia política e até mesmo de defesa do ex-presidente. Que alega ser vítima de perseguição política. Cá pra nós, é de estranhar a velocidade que tramitou seu julgamento. Nunca antes na história do país um julgamento foi tão rápido. O que levanta dúvidas sobre um possível plano para retirá-lo da eleição. Isso sem contar na falta de provas. Mas não vou entrar na questão do processo.

No campo político, a candidatura de Lula é estratégica, pois impede que outros candidatos despontem. Isso fica nítido nas pesquisas. Todas mostram Lula na frente. Na verdade muito a frente. Até o momento, nenhum candidato aproximou de Lula. Isso ocorre também por causa de Lula. Na verdade, a ausência de Lula. Muitos apostam nisso e acham que sem o presidente a disputa fica aberta. Com isso, quase todos os partidos estão lançando candidatura própria. Inclusive partidos aliados ao presidente.

A eleição de 2018 será parecida com a de 1989. Que teve mais de 20 candidatos. Vejam alguns dos possíveis candidatos:

PT (Lula)
PSL (Bolsonaro)
REDE (Marina)
PSB (Joaquim Barbosa)
PSDB (Geraldo Alckmin/João Doria)
PDT (Ciro)
PPS (Cristovam Buarque)
PODEMOS (Álvaro Dias)
PCdoB (Manuela D’Ávila)
PTC (Collor)
DEM (Rodrigo Maia)
MDB (Henrique Meirelles/Temer)
PRB (Flávio Rocha)
NOVO (João Amoêdo)
PSC (Paulo Rabello de Castro)
PSOL (Boulos)
PSTU (Vera Lúcia)
PCO (Rui Costa Pimenta)
PPL (João Vicente Goulart)
PRTB (Levy Fidelix)
PMN (Valéria Monteiro)
SOLIDARIEDADE (Aldo Rebello)
PSDC (Eymael)
PV (Eduardo Jorge)

Claro que tem muito blefe. Muitos querem ficar em evidência para ser vice e fazer coligações partidárias. Essa quantidade de candidatos mostra a fragmentação da política. A falta de lideranças e projetos. O segundo colocado por exemplo representa o antilulismo e antipetismo. O que reforça a tese de que a eleição gira em torno de Lula.

Por falar em Bolsonaro, a possibilidade de Lula não ser candidato prejudica sua candidatura. Que vem perdendo fôlego. Pesquisas recentes mostram que Marina Silva e Joaquim Barbosa encostaram nele. Tudo indica que nas próximas pesquisas estarão a frente dele.

O crescimento de Marina Silva e Joaquim Barbosa liga o alerta vermelho dos demais partidos. A ala governista, formada por (P)MDB, PSDB e DEM já estuda uma aliança envolvendo Alckmin, Maia, Meirelles e Maia. Desses quatro nomes, sairá o candidato a presidente e o vice. Visando impedir que Marina Silva e Joaquim Barbosa continuem crescendo.

Do lado vermelho, alguns já pensam num possível plano B, que seria a candidatura de Haddad ou Jaques Wagner pelo PT. A quem defenda uma união entre PT, PDT, PCdoB e PSOL. Realindo à esquerda. Mas para isso depende do aval do Lula.

Como podem ver, a eleição de 2018 gira em torno de Lula. Ficando a dúvida: Lula será candidato?

terça-feira, 6 de março de 2018

Carta Aberta aos Vereadores de Leopoldina


Excelentíssimos senhores vereadores, recentemente, os senhores aprovaram o projeto de Lei nº 05/2018 que fez a recomposição anual da inflação em seus salários em 2,07%, levando em conta o índice do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

De acordo com a Constituição Federal a recomposição é LEGAL. Porém, NÃO tem nada que OBRIGUE os senhores a recompor a inflação do período. Inclusive, no mandato anterior, o salário ficou CONGELADO por um bom tempo. Fato que se repete em diversas outras Câmaras Municipais Brasil a fora.

Vale lembrar que o país passa por uma das piores crises econômicas de sua história. Que exige do setor público e da classe política economia. Recompor a inflação nos salários dos senhores no período de crise é aumentar despesa. Uma injustiça com a população. Que anseia por mais saúde, educação, segurança...

Olhando superficialmente, o valor da recomposição pode parecer baixo. Sendo R$ 167,89. Mas ao multiplicar por 15 (quantidade de vereadores) e levar em conta a quantidade de meses que vão receber, no caso até o final do mandato (Dezembro de 2019), ou seja, em torno de 20 meses, tal recomposição custará aos cofres públicos algo em torno de R$ 50 mil.

Calculando:

R$ 167,89 x 15 (vereadores) = R$ 2.518,35 (mensal) x 20 (meses)= R$ 50.367,00

Esse valor pode aumentar ainda mais, caso os senhores resolvam recompor a inflação dos próximos anos (2019 e 2020). O que eu espero que não aconteça.

Como podem ver, a recomposição da inflação nos seus salários causará um impacto muito grande nos cofres públicos ao longo do tempo. Um gasto a meu ver desnecessário. Que não vai melhorar em nada a vida da população de Leopoldina. Talvez melhore a vida de alguns dos senhores.

Não estou aqui para fazer politicagem. Oposição aos vereadores. Muito menos jogar a população contra a Câmara. Até porque, o Legislativo é pra mim o poder mais importante poder da República. O que tem mais participação popular.

Por falar em participação popular, ficou claro que o povo não aprovou tal recomposição. E vem manifestando isso nas redes sociais e até mesmo nas ruas. Onde há inclusive um abaixo-assinado sendo feito.

Cabe aos vereadores ouvir as vozes das ruas. Ter humildade para voltar atrás e revogar essa recomposição. Podem por exemplo não sancionar a lei nº 05/2018. Ficando assim nula a recomposição.

Caso a lei já foi sancionada e os vereadores não queiram revogá-la, mas mudaram de ideia, passando a ser contra a recomposição, podem tomar decisões individuais, abrindo mão da mesma.

Abrir mão dessa recomposição é o mínimo que os vereadores podem fazer para não passar a falsa impressão à população leopoldinense de que legislam em causa própria, mostrando que seus mandatos visam o bem da cidade e não pessoal.

Finalizo citando uma passagem da bíblia. Isaísas 10:1 : "Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão"



sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

“Filho feio não tem pai”

“Filho feio não tem pai”

Paulo Lucio – Carteirinho

Tem um ditado que diz: “Filho feio não tem pai”. É o caso de Michel Temer. Muitos negam sua paternidade. Para descobrir quem é o “pai” teremos que recorrer ao teste de DNA.

De acordo com o teste de DNA, o “pai biológico” de Temer é o PMDB. Afinal, são os partidos que geram seus políticos. Através da convenção partidária o partido define seu rumo: lança candidatura própria ou apoia candidatura de outro partido.

Foi o que aconteceu em 2009. A convenção do PT aprovou o nome de Dilma Rousseff para concorrer à presidência do Brasil. Na época, foi feita uma coligação com o PMDB que indicaria o vice – o partido optou por Michel Temer.

Vale destacar que os partidos são independentes. O PMDB não participou da escolha do nome de Dilma. Da mesma forma o PT não participou da escolha de Temer para vice. Foram decisões internas dos partidos.

Tenho certeza que o PMDB não queria Dilma candidata. Da mesma forma o PT não queria Temer como vice. Mas tiveram que respeitar a decisão tomada pelos partidos. Afinal, política é feita com partidos.

Ao tornar Michel Temer vice-presidente, PT foi uma espécie de “paizão” pra ele. A relação entre “pai e filho” foi boa. Governaram juntos por 4 anos (2010-2014). A parceria deu tão certo que resolveram prolongar por mais 4 anos (2014-2018).

Tudo parecia tranquilo. Ganharam nas urnas novamente. A chapa Dilma/Temer foi reeleita. Mas logo após a reeleição começaram as brigas. Pressionado pelo seu “pai biológico” (PMDB), Michel Temer resolveu apoiar o golpe contra seu “paizão” (PT). Conseguindo derrubar Dilma e assumir o poder.

Isso só foi possível graças aos novos “pais” de Temer. Não pensem vocês que ele chegou lá sozinho. Muito menos que foi o PT que fez Temer presidente. Vale lembrar que o PT votou nele pra ser vice e não presidente. Tanto que todos os deputados e senadores do PT e da base aliada do governo Dilma votaram contra o impeachment.

Se é que podemos chamar de impeachment. Afinal, foi uma espécie de eleição indireta que definiu o novo presidente. O impeachment não foi pra derrubar Dilma. Mas sim tornar Temer presidente. Isso ficou claro na conversa entre o senador Romero Juca (PMDB) e o Sérgio Machado: “É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional”.

Quem tornou Michel Temer presidente foram os que apoiaram o impeachment. Logo, é um erro dizer que Temer se tornou presidente graças ao PT. Quem diz isso tenta não assumir a paternidade de Temer. Como eles dizem: “A culpa não é minha, eu votei no Aécio”.

Por falar em Aécio, o PSDB é um dos “pais” de Temer. Seguido de outros partidos e as bancadas: da bíblia, da bala e do boi. Não podemos esquecer da mídia. Além é claro, dos paneleiros.

Essa gente toda tornou Michel Temer presidente. São responsáveis pelo “filho” que geraram. Porém, não querem reconhecer a paternidade. Afinal, “filho feio não tem pai”.