O Esporte Clube Vila Reis, fundado em 1940, foi várias vezes campeão suburbano e uma vez campeão regional em 2002. Na história da cidade, foi o único time de bairro a disputar o campeonato regional, enfrentando clubes bem estruturados da região.
Para disputar o Campeonato o clube, que não tem estádio e utiliza como mandante do jogo o campo do Operário, é obrigado a custear as despesas com aluguel de estádio e arbitragem, além de outras dificuldades como tempo para treinamento, falta de recursos financeiros, patrocínios, material esportivo, entre outras dificuldades. A renda do clube é conseguida através de realização de festas, bingos, almoços, doações e da contribuição de alguns sócios.
Mesmo com todas essas dificuldades, o clube , através do trabalho de sua dinâmica Diretoria, coloca o time em campo e faz a alegria de sua torcida. Esta, por sua vez, faz parte do espetáculo comparecendo em todos os jogos, muitas vezes, cantando: “Até a pé nós iremos, para o que der é vier, o importante é que nós estaremos, onde o Vila, onde Vila estiver”.
Esse apoio da torcida é o incentivo maior para que a Diretoria se esforce para colocar o time em campo. Esse ano não foi diferente: clube novamente disputa o campeonato enfrentando muitas dificuldades, provando que apenas recursos financeiros não vencem as batalhas dentro das quatro linhas: a garra, a vontade de vencer ultrapassam as dificuldades e fazem a história do time.
Na primeira fase o clube teve como adversários de chave os clubes: Flamengo de Cataguases, Primeiro de Maio de Miraí e Olaria de Itamarati. Foram, no total seis partidas, sendo três em “casa” e três em outros municípios. Dessa chave, classificaram para a fase final os dois primeiros, ficando em primeiro o Flamengo e o E.C. Vila Reis em segundo.
Na semi-final o clube teve como adversário o bem estruturado Cataguases. Na primeira partida realizada, o Vila Reis perdeu por três a dois Com esse resultado, o Vila Reis dependia da vitória no segundo jogo, que foi disputado dentro da casa do adversário, no bairro popular. Ainda assim, teria que vencer na cobrança dos pênaltis.
O segundo jogo, com certeza, ficará na memória de quem viu. Considerado por muitos como melhor jogo do campeonato; alguns vão mais além, defendem ter sido a melhor partida da história do regional. A garra do time e o incentivo da torcida, mais uma vez, foram decisivos fazendo com que o time virasse o jogo: E.C. Vilas Reis 2 a 1 no Cataguases. Mas partida prosseguia e quase no encerramento da partida, o Cataguases marca o gol do empate.
Estádio dividido, torcedores do Cataguases comemorando, enquanto a galera do Vila Reis em silêncio,parecia não acreditar. Até que nos momentos finais, aos 48 minutos, o time do Vila Reis sofre pênalti. Jorginho não decepciona e marca: Três a dois! Alegria trocada de endereço: agora quem vibra é a torcida do Vila Reis.
Com o moral da torcida retomado, com o Vila Reis estimulado pela esperança de vencer mais uma batalha, o resultado não poderia ser outro. Destaque para o famoso Goleiro Manga, que mostrou experiência, pegando dois pênalti e ajudando o Vila Reis à classificar para a final do campeonato: uma verdadeira batalha de Davi contra Golias.
Agora seria a vez de enfrentar o bem organizado Flamengo A torcida empolgada já preparava a festa produzindo confetes, bandeiras, ensaiando gritos de guerras, com o “É bi-Campeão na ponta da língua!
Porém, derrotado no gramado, o Cataguases recorre ao tapetão e, na ânsia de jogar água no Chop do Vila Reis, o Cataguases, apresentando documento extra-oficial, acusando o E.C. Vila Reis de ter colocado em campo um jogador profissional. Na verdade, o atleta Fillipe Sales Comissário teve apenas uma curta passagem, em fase de teste, num pequeno Clube de Santa Catarina, há dois anos atrás, como comprova o e-mail da Federação Catarinense de Futebol. Não é jogador profissionalizado!
A LEC, pressionada pelo poderoso Cataguases aceitou a denúncia de um documento não oficial emitido via internet, pressiona o presidente do Vila Reis para que o mesmo assine a retirada do clube do campeonato, sem garantir, pelo menos a regra jurídica básica: a do Direito de Resposta; não se tem notícia também que o a Liga tenha confirmado oficialmente a veracidade dos fatos; pelo menos não apresentou ao Vila Reis nenhum documento comprobatório da atuação profissional do atleta, na Federação de Santa Catarina.
O Regulamento do campeonato regional em disputa, deixa claro no Capítulo I, artigo 5º : Compete a LEC: 5.1 – Examinar a documentação dos Atletas inscritos. Se o jogador estava atuando, significa que seus documentos foram analisados e aprovados pela organização do torneio.
O E.C Vila Reis para escalar o atleta, seguiu fielmente o Regulamento,obediente ao Capítulo V, Artigo 26º que diz: São Condições fundamentais para que um atleta participe do Campeonato:
a) Estar devidamente registrado na Lec até o prazo fixado; b) Ser portador da carteirinha fornecida pela a Lec; Parágrafo 1º Na falta de carteirinha, apresentar Carteira de Identidade, na falta da mesma o atleta estará sem condições de jogo.
Entendemos que a LEC na sua decisão, prejudicou o E.C. Vila Reis. Devido ao posicionamento da LEC, coube ao Vila Reis recorrer a Justiça. Vale lembrar a lei que diz :” ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo”, portanto, cabe ao Cataguases e a LEC apresentar provas concretas e não um documento não oficial emitido via internet.
Esses fatos lamentáveis servem apenas para desestimular a prática do esporte e a organização dos clubes na cidade. A torcida e o E.C.Vila Reis esperam um reconhecimento pelo esforço empreendido para disputar o campeonato e, principalmente, pelo brilhantismo de sua atuação.
Que se faça justiça, no sentido pleno das palavras. Que se faça valer o resultado do toque da bola, afinal jogo se ganha dentro de campo, sendo o gramado o palco do grande espetáculo.
