domingo, 1 de maio de 2022

Violência!?

 Recentemente, fui vítima de um assalto em Leopoldina. Pensei muito antes de tornar público   o fato, esperei a raiva momentânea passar, de modo não escrever no calor do momento, tomando cuidado com as palavras, de modo a não criar um alarmismo, alimentando o sentimento de aumento da violência, o qual eu não concordo. Mesmo sendo mais uma vítima, além de saber de vários outros casos, tenho comigo que a sociedade está menos violenta.

 
Vale destacar que sou formado em História e estudei diversos períodos onde posso afirmar que a sociedade era muito mais violenta. Vou citar alguns fatos históricos que comprovam isso. A escravidão negra/indígena, que no Brasil durou cerca de 400 anos, onde milhões de pessoas sofreram violências absurdas.  O nazismo que assassinou milhões de judeus, negros, ciganos, homossexuais, comunistas e quem era contra o regime. A ditadura militar, não só no Brasil, mas em toda a América, onde várias pessoas foram mortas e torturadas pelo Estado, inclusive,  recentemente, saiu um áudio inédito da tortura de uma mulher grávida que acabou abortando o bebê dentro das instalações do Estado,  após receber choques elétricos no aparelho genital, feito por quem se diz “cidadão de bem”,  que defende "Deus e a família”, inclusive contra aborto e a favor da vida.   
 
Acrescento também: Crucificação de Cristo, esquartejamento de Tiradentes, genocídio de Canudos, Cruzadas,  1ª  Guerra Mundial, 2ª  Guerra Mundial... .
 
Como podem ver, o mundo sempre foi violento e hoje por incrível que pareça está menos, tendo em vista que a sociedade não tolera a violência. Ai dos pais que derem palmadas nos seus filhos, do marido que levanta a mão e até mesmo a voz contra a mulher, assim como aqueles que maltratam os animais. 
 
Apesar de termos evoluídos, estamos longe de um mundo sem violência. Infelizmente, a violência continua a existir e eu fui mais uma vítima. Falando do meu caso, fui abordado por uma pessoa quando retornava para casa, na madrugada, onde roubaram meu celular, além do cartão do crédito e a carteira de motorista que estavam juntos.
 
Sei que não podemos colocar a culpa na vítima, mas dei bobeira demais andando de madrugada. Infelizmente, mesmo a Constituição nos garantido o direito de ir e vir, ele não está garantido, devido à violência. Como carioca sei muito bem disso. Sou da época em que parte da cidade foi dividida entre Lado A e Lado B, onde quem era de uma área não podia frequentar outra.
 
Depois vieram as facções criminosas: Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando (TC) e Amigos dos Amigos (ADA) e agora Milícias; onde quem é de uma área não pode frequentar outra. E quem mora numa certa área tem que conhecer as regras impostas na comunidade, por exemplo, em áreas do Terceiro Comando  ou Amigos dos Amigos não é bom vestir vermelho, devido ser considerado cor do Comando Vermelho. Até mesmo gírias, a palavra “amigo” não é bom falar em área do Comando Vermelho, pois é associada a facção Amigos dos Amigos. 

Não poderia deixar de citar a divisão entre torcidas organizadas, onde algumas áreas são redutos de algumas torcidas e não é aconselhado você usar camisa de outros times.


Cresci no Rio tendo que saber onde podia ou não ir, além de como me vestir e falar. Aqui em Minas, até então, pensei que poderia viver de forma mais livre, mas percebo que não, tendo em vista que a violência está cada vez mais próxima de nós, mas volto a repetir, o mundo não está mais violento, porém  vivemos um momento onde a violência vem acontecendo com mais frequência, principalmente por causa da crise econômica e as drogas.
 
A crise econômica aumentou o número de desempregados. Para piorar, os preços das coisas aumentaram absurdamente, ficando difícil até para quem tem emprego, imagina para quem não tem. Como vivemos numa sociedade consumista, muitos acabam usando da violência como meio de conseguir dinheiro.
 
Mas o maior problema são as drogas, principalmente o crack.  Vemos diversas pessoas andando pelas ruas como zumbis, onde alguns pontos da cidade estão virando uma espécie de cracolândia, reunindo várias pessoas em busca de algo que possa reverter em drogas. Acredito que a pessoa que me roubou faça parte desse grupo de drogados, do qual não tenho raiva, não desejo seu mal, afinal, não defendo o “bandido bom é bandido morto”. Até porque, tenho casos na família, onde parentes e amigos, que são pessoas boas, trabalhadores, pais de família, mas que largaram tudo por causa da droga. Vagam pelas ruas em busca de alguns minutos de prazer, sendo pessoas irreconhecíveis. Por estarem fora de si, acabam se tornando pessoas perigosas, inclusive, agridem os próprios pais, filhos, esposas, irmãos... imagina então desconhecidos. Como rodam por todos os cantos, acabam criando a sensação de que a cidade está violenta, afinal, nunca se sabe onde essas pessoas estarão e o que farão. Dessa forma, exige de nós cautela.
 
Eu mesmo mudei meus hábitos. Não retorno mais a pé para casa certa hora da noite e madrugada, levo só necessário, evito certos lugares e trajetos desertos. Além de ter reforçado a segurança em casa, pretendo em breve colocar câmera de segurança, até para ajudar a polícia.   
 
Além de nós, cabe ao setor público também fazer sua parte: implantação da Guarda Municipal, instalação de câmeras de segurança em alguns pontos da cidade, aumento da tropa policial, inclusive isso está para acontecer, tendo em vista a instalação do 68° Batalhão de Polícia na cidade. Por falar na polícia, iniciou em Cataguases a Patrulha da Madrugada, que acredito que deve ser implantando aqui também, talvez até já tenha e eu não sei.  
 
Além de reforçar a segurança, será preciso investir na rede de proteção social: hortas comunitárias, distribuição de cestas básicas, alimentos e roupas, aluguel social, acolhimento, tratamento de dependentes químicos. Mais do que nunca precisamos fortalecer as entidades filantrópicas: Igrejas, Grupo Levanta de Novo, Alcóolicos Anônimos, Lions Clube, Maçonaria, Rotary Clube.
 
Assim conseguiremos combater a violência, que insisto, está cada vez menor, mas existe e não podemos dar bobeira.



sábado, 9 de abril de 2022

Reviravolta política: Paixão foi para o União Brasil.

 A melhor frase que define política é de Magalhães Pinto: “Política é como nuvem. Você olha está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. Pois bem, quando escrevi o último artigo, antes de começá-lo, fui atrás de algumas informações, como sempre faço.  Procurei cada pré-candidato para confirmar se ainda continuam na disputa e em qual partido estão filiados.

 
De posse desses dados escrevi o texto. Passado um dia após a publicação dele, fui surpreendido por uma fonte que me disse que havia uma mudança naquilo que havia escrito, segundo essa fonte, o pré-candidato Marcos Paixão havia deixado o REDE e foi para o União Brasil.

Entrei imediatamente em contato com Paixão, que me confirmou. Até questionei porque ele havia falado comigo que continuava no REDE. Segundo ele, preferiu o sigilo até a confirmação da sua filiação no TRE, fato que ocorreu na data de ontem, tendo vista temer que alguém tentasse sabotá-lo. Como ocorreu em 2020, quando tiraram dele o partido o qual ele estava filiado.

De acordo com Paixão, sua ida para o União Brasil ocorreu por dois motivos. Primeiro pelo fato de saber que o REDE estava sendo desejado por alguns políticos locais, como de fato ocorreu, Roberto Brito foi para o partido. Mas o que pesou mesmo foi o convite feito por Paulo Neves, prefeito de Guarani, que é pré-candidato a deputado federal pelo União Brasil. Paulo Neves é casado com Lurdinha Paixão, que é natural de Cataguases, sendo prima de Marcos Paixão. Tudo leva a crer que Paixão deve fazer uma dobradinha com esse “primo”.

Porém, ele disse que não definiu nada e que está aberto a conversas. Vale destacar que José Eduardo, sobrinho do prefeito Pedro Augusto, está no União Brasil, com isso, pode ser que tenhamos uma chapa puro sangue em Leopoldina.

O engraçado nessa história toda é que Roberto Brito foi para o partido de Paixão, o REDE, e Paixão foi para o partido do Roberto Brito, União Brasil, que é o antigo PSL, o qual Roberto Brito concorreu a deputado em 2018, sendo que juntou com o DEM e mudou de nome. Trocaram de partido um com o outro.

A primeira coisa que terão que fazer é remontar esses partidos. Roberto terá que levar seu grupo para o REDE, tirando apoiadores de Paixão, que por  sua vez deve levá-los para o União Brasil, que vai contar também com o grupo de José Eduardo, o que pode aproximá-los.
 
Com duas grandes lideranças dentro do partido, o União Brasil em Leopoldina tende a ser um partido forte. Bem, até a eleição desse ano sim. Depois a gente não sabe. Infelizmente, partido no Brasil só funciona em período eleitoral. Passada a eleição ele acaba, são descartáveis: usou joga fora.

Mas a culpa disso não são dos políticos locais, mas dos próprios partidos, que criam regras coronelistas, impedindo que os partidos se organizem, de modo controlar a política.  É um tal de poder mudar o diretório do dia pra noite que desanima qualquer um.

Foi o que ocorreu com Paixão em 2020, onde estava organizando um partido e de repente alguém foi em Belo Horizonte e pegou o partido,  tornando presidente, mesmo não estando sequer filiado ao partido. Os estatutos de boa parte dos partidos permitem que qualquer pessoa possa ser presidente do partido, a qualquer momento, mesmo não estando filiado a ele. Uma coisa sem lógica. Na verdade, tem lógica.  Isso é proposital, inclusive, usam isso para minar adversários.  

Se uma pessoa não quer que outra seja candidata, basta simplesmente ir até a direção desse partido e convencê-la a mudar a organização do partido na cidade. A única forma de impedir isso é tendo um padrinho político na direção do partido, que é controlada por deputados e senadores, que cobram apoio. Entenderam a lógica?

Como podem ver, é uma grande negociata. O sistema obriga você apoiá-los. Como diz o sargento Rocha, do filme Tropa de Elite: “Quem que rir, tem que fazer rir”.   Por isso muitos políticos locais acabam apoiando políticos de fora, pois é uma forma de conseguir ter e manter um partido. Isso acaba dificultando as candidaturas locais, que deixam de ter apoio da classe política local, que apoiam os “donos” dos partidos, garantindo assim sua continuação na política.

Além de ter o controle dos partidos, os políticos têm também acesso as emendas parlamentares, que também funcionam como moeda de troca. Envio dinheiro para sua cidade ou base, mas para isso terá que me apoiar. O sistema favorece quem está no poder. Para mudar isso será preciso uma grande reforma política, a qual permita maior participação popular, mas isso é assunto para outo artigo.




Eleições 2022: Definidas as filiações!

 




Chegamos ao mês de Abril, mês no qual o cenário político começa a ficar mais nítido, tendo em vista que as filiações partidárias já foram definidas, como prevê a lei, onde para ser candidato tinha que estar filiado a um partido até 6 meses antes da eleição, no caso até o dia 4 de Abril desse ano.
 
Trazendo esse tema para Leopoldina, ficaram assim as filiações dos pré-candidatos.  Para deputado estadual: Paixão continuou no REDE; Paulo Celestino havia deixado o PSB e retornou para o PT logo após as eleições municipais; Ricardo Paf Pax continuou no PSB; Roberto Brito deixou o PSL e foi para o REDE.  Para deputado federal: José Eduardo Junqueira Ferraz filiou no União Brasil; Rogério Suíno manteve sua filiação no PSC.
 
Lembrando que Wiliam Bunitinho havia comunicado na sua página no facebook a retirada do seu nome da disputa, com isso um pré-candidato a menos. Por outro lado, tomei conhecimento de outro nome, Pastor Heloyr, que está filiado no partido Democracia Cristã, membro da Assembleia de Deus, sendo a sede de sua igreja em Recreio, mas é natural de Leopoldina, dessa forma, acrescento o nome dele na lista dos pré-candidatos da cidade.
 
A respeito dessas filiações, o que mais chamou minha atenção foi sem dúvida à ida de Roberto Brito para o REDE. Primeiro pelo fato do REDE ser um partido de centro esquerda, na verdade, pra mim sempre foi centro direita, mas nessa eleição está caminhando para a esquerda, inclusive está para compor uma federação com o PSOL. Lembrando que em 2018 Roberto Brito concorreu pelo PSL, partido que elegeu Bolsonaro.
 
Em segundo lugar, Marcos Paixão, que também é pré-candidato, está filiado no REDE, que agora conta também com Roberto Brito, ou seja, dois candidatos do mesmo partido na cidade.  Vale lembrar que em 2020 Paixão quase ficou de fora da disputa, tendo em vista que tomaram dele o partido Solidariedade, às véspera do prazo final para se filiar. Com isso foi parar no REDE  e conseguiu sair candidato a prefeito por lá, mas sua campanha acabou prejudicada, tendo em vista que teve pouco tempo para organizar o partido. Dessa vez não tem pra onde correr, vai ter que torcer pro REDE lançar as duas candidaturas.
 
Como Paixão está no REDE desde 2020, como disse anteriormente, foi candidato a prefeito pelo partido, montou uma chapa de vereadores, organizou o partido na cidade, tudo isso fez com que ele tenha apoio da direção do partido. Dessa forma, Paixão garante que a ida de Roberto Brito para o REDE não atrapalha em nada sua pré-candidatura. Além do mais, o partido não tem tantos candidatos assim, tanto que está querendo fazer a federação com o PSOL de modo ambos os partidos atingirem a cláusula de barreira, tentando garantir a existência deles. Para isso precisarão de votos, dessa forma, quanto mais candidatos melhor para o partido. Dessa forma, acredito que os dois serão sim candidatos.
 
Falando em votos, tudo indica que o REDE e o PSOL serão os partidos os quais terão eleitos  deputados os candidatos menos votados entre os eleitos. Talvez por isso Roberto Brito tenha ido pra lá, pois sabe que lá tem mais chances. Com isso ele mostra que é um bom estrategista político. Na verdade, mostrou isso na última eleição, por muito pouco não foi eleito. Costumo dizer que política é um jogo, tem que saber jogá-lo e Roberto Brito está mostrando que sabe. Escolheu muito bem o partido.
 
Esse lance de ter dois candidatos do mesmo partido se a gente for parar pra pensar é até menos prejudicial, afinal, se si tornaram candidatos é porque seriam de qualquer jeito, dessa forma, estando no mesmo partido fará com que os votos de ambos vão parar na mesma legenda. Com isso, quem votar no Roberto Brito estará votando no Paixão, assim como quem votar no Paixão estará votando em Roberto Brito. Seria muito pior se tivessem em partidos diferentes. Agora é aquilo, será eleito o mais votado do partido e com um tirando voto do outro, pode acabar nenhum dos dois sendo eleito. Ainda mais se tiver outras candidaturas locais.
 
Como disse anteriormente, Ricardo da Paf Pax, Paulo Celestino e Pastor Heloyr também estão na disputa. Totalizando até o momento cinco pré-candidaturas locais. Sendo cinco grandes lideranças. Além de Roberto Brito e Paixão que citei anteriormente,  Ricardo da Paf Pax por exemplo concorreu a prefeito e ficou em terceiro lugar, foi muito bem votado e perdeu uma eleição “ganha”.  O ex-vereador Paulo Celestino já concorreu ao cargo de deputado estadual em 2010 e teve quase 10 mil votos. Pastor Heloyr nunca concorreu, mas foi assessor do deputado Noraldino Júnior e faz parte do movimento evangélico que vem mostrando muita força política nos últimos tempos e vai surpreender muita gente esse ano. A bancada da bíblia vai aumentar e muito.
 
Vale destacar que, além das pré-candidaturas locais, têm também as de fora. Na última eleição mais de 300 candidatos tiveram votos em Leopoldina, com destaque para Fernando Pacheco de Cataguases, que foi eleito deputado estadual e que  tentará a reeleição, sendo que dessa vez parece que não será candidato único. Assim como Leopoldina, Cataguases tem também um monte de pré-candidatos.
 
Na disputa para deputado federal o cenário é outro, temos menos pré-candidatos, até porque são menos vagas. Por enquanto temos apenas dois nomes na cidade: José Eduardo, sobrinho do prefeito Pedro Augusto e o vereador Rogério Suíno. Porém, é bom lembrar que temos outros nomes na região, com destaque para Hercyl Salgado (REDE), que foi candidato a prefeito em 2020 em Cataguases e obteve mais de 16 mil votos e quase ganhou.
 
Como Hercyl foi para o mesmo partido que Roberto Brito e Paixão, pode ser que surja uma dobradinha entre eles. Tendo dois candidatos do mesmo partido em Leopoldina fica até difícil para o Hercyl escolher com quem dobrar, caso opte por uma dobradinha regional.
 
Falando em dobradinhas, pode ser que surjam dobradinhas puro sangue em Leopoldina, Roberto Brito/Suíno, Paixão/Suíno, Roberto Brito/José Eduardo ou Paixão/José Eduardo. Com outros pré-candidatos acho difícil. Ricardo da Paf Pax fecha com o deputado federal Júlio Delgado (PV), Paulo Celestino tem compromisso com candidatos do PT e Pastor Heloyr com membros da sua igreja.
 
Como Suíno tá no PSC, partido que pertence ao grupo do Zé Roberto, pode ser que venha dobrar com Roberto Brito. Apesar de que, nada impede de Roberto Brito e José Eduardo, mesmo estando em partidos que tudo indica estarão em lados opostos, façam uma dobradinha municipal.
 
Essa questão partidária pesa muito. Inclusive, tem muita pressão no sentido dos candidatos de Leopoldina dobrarem com candidatos do seu partido ou do grupo. Vale destacar que as candidaturas têm que ser oficializadas pelos partidos, que com certeza vão exigir apoio.  
 
Por falar em oficializar as candidaturas, definidas as filiações, agora temos que aguardar as federações, que são coligações entre partidos, sendo que com duração maior, no mínimo quatro anos. De acordo com os bastidores políticos, algumas federações são dadas como certas: PT + PCdoB  + PV; PSDB + Cidadania; REDE  + PSOL; Outras estão sendo articuladas. Lembrando que os partidos têm até 31 de maio para definirem as federações.
 
Somente quando forem definidas as federações é que saberemos como ficarão os partidos, sabendo quantos candidatos cada partido terá direito a lançar. Aí teremos noção das chances das candidaturas locais de fato serem definidas. O jeito então é aguardar até junho. Assim que forem definidas as federações eu volto para mostrar como ficou o cenário político.




segunda-feira, 4 de abril de 2022

Agricultura familiar e artesanato como melhorar?

 No meu último artigo falei sobre como melhorar a economia da cidade. Chamei atenção para a questão da venda pela internet, que vem diminuindo o serviço de revenda na cidade. Apresentei propostas que visam investir na produção local.

 
No texto falo das feiras de agropecuária e de artesanato, porém, superficialmente, dessa forma, esse artigo visa aprofundar um pouco mais nesse debate.
 
A melhor solução para a agricultura familiar, assim como os artistas que produzem artesanato, seria a criação de um mercado próprio para isso. Como existe em Cataguases o Mercado Produtor, em Belo Horizonte o Mercado Central, assim como em diversas outras cidades. Até porque, quem produz quer vender seu produto, precisará de locais para isso.
 
Vale destacar que nem todos conseguem ter seu próprio comércio, dessa forma, dependem do setor público criar formas para comercialização.  Inclusive, o setor público costuma ajudar até quem têm condições financeiras. É muito comum as prefeituras cederem terrenos, deixarem de cobrar alguns impostos, fornecerem alguns tipos de serviços e vantagens que visam atrair empresas, gerando emprego e renda para a cidade.
 
Vimos isso recentemente, quando a prefeitura de Leopoldina fez uma campanha para tentar trazer a Cervejaria Heineken para cá. Mostrando uma série de vantagens que a cidade teria para fornecer. Assim como várias outras prefeituras 

fizeram.
Se podem ajudar as grandes empresas, fornecendo algumas vantagens e benefícios, de modo atraí-las, por que não ajudar os pequenos e médios produtores? Nesse sentido, o setor público pode muito bem criar um Mercado Produtor, Mercado Central ou outro nome que queiram dar, pensando nos produtores locais e com isso melhorar a economia da cidade.
 
Temos em Leopoldina um local excelente, que é o Parque de Exposição, que fica no centro da cidade, tendo um terreno imenso que é muito pouco utilizado, inclusive temo que um dia o mercado imobiliário se aproprie de parte desse local e construa prédios, pois normalmente é isso que acontece.
 
É bom destacar que o Parque de Exposição pertence a iniciativa privada, mas que tem muita ligação com o prefeito Pedro Augusto, que antes de assumir a prefeitura era o presidente da Cooperativa Leste, dona do parque.
 
Por que não apresentar um projeto no sentido de ceder, alugar, arrendar... uma pequena parte do Parque de Exposição de modo acomodar um mercado, que tenha tudo a ver com local, que é da área da agropecuária, inclusive tem até uma loja nesse sentido.
 
Deixando de lado essa ideia, que eu acho difícil, pois o local pertence a inciativa privada, pode-se pensar em fazer o mercado em outro lugar. Até lá, o jeito é continuar com as feiras, onde também apresento algumas propostas para seu melhoramento.
 
Notamos que recentemente teve mudança na feira de artesanato, que deixou de ser na Praça General Osório e passou para a Praça Felix Martins. Um dos motivos dessa troca foi a questão do espaço. De fato, a praça General Osório estava pequena para a feira. As barracas ficavam emboladas, uma em cima da outra, sendo difícil até transitar.
 
Na praça Felix Martins o que mais tem é espaço, a praça é enorme, porém, tem a questão do sol. Como a praça têm poucas árvores, as barracas ficam debaixo do sol, ficando insuportável ficar por muito tempo na feira. Inclusive, a prefeitura colocou música ao vivo, porém, poucos estão conseguindo assistir aos shows, pois além da questão do sol, a praça tem poucos bancos, alguns sem conforto algum. Convenhamos, ficar no sol, em pé, ouvindo música não é nada prazeroso.
 
Alguns sugerem que sejam colocadas tendas, o que ajudaria muito. Assim como passar a feira para a noite, o que é também uma ideia interessante. Porém, acho que temos outras soluções, como transferi a feira de artesanato para a Praça João XXIII, onde funciona a feira agropecuária.
 
Na minha opinião, ambas as feiras poderiam ser ali. A de agropecuária onde já está, na rua que dá acesso ao sinal, e a feira de artesanato poderia ficar na rua da Sol Neve até a farmácia Indiana, espalhando as barracas onde é o estacionamento, na rua e até na praça.
 
Esse local poderia virar um calçadão nos fins de semana. A partir de sexta-feira 19h fecham esses dois trechos da rua, que voltam a funcionar a partir das 6h da segunda-feira.  Além de atender as feiras, atenderá também o comércio local (bares e lanchonetes) , que poderão espalhar mesas,  tendas, colocar música ao vivo, usar a praça... como ocorre no Motorock, onde um dos palcos do evento é justamente nesse local, sendo pra mim melhor até mesmo que o palco principal, tendo em vista que a praça tem sombra, local pra sentar,  comércios, banheiro dos bares...
 
Alguns vão dizer que transformar esse local em calçadão vai prejudicar o trânsito, o que discordo, afinal, de sexta à noite a segunda de manhã, somente no sábado de manhã, sendo das 10h ao 12h, que tem um pouco de trânsito. No restante do dia não. Logo, por mais que cause algum impacto será muito pequeno.
 
Até mesmo vagas de estacionamento, são poucas vagas ali e que são usadas mais no sábado de manhã. O estacionamento privado que tem no local também não será prejudicado, já que poderá usar a rua que dá acesso ao Manera Mineira, que pode virar mão dupla no período que virar calçadão.
 
Juntando as feiras teremos muito mais movimentos, numa região que por si só já é movimentada, devido aos bares, shopping, lanchonetes e outros comércios. O local é mais arejado, tem sombras, inclusive a música ao vivo da praça é boa até mesmo para os bares, sendo um atrativo a mais para eles e não prejudica os músicos, que raramente tocam nesse horário, além do que, tendo música ao vivo da praça fará com que outros bares coloquem também, de modo atrair o público, com isso o músico poderá ter até mais espaço.
 
Tais ideias que apresentei, assim como ideias de outras pessoas, são no sentido de melhorar o que já é bom.  Deixo destacado que as feiras são boas, pois alguns podem entender que ao apresentar algumas ideias faz com que eu ache que as feiras são ruins, não são. Aproveito para parabenizar a prefeitura e os feirantes, apenas acho que podemos melhorar.  



Como melhorar a economia em Leopoldina?

 Estamos no ano eleitoral, o tema economia é o centro do debate. Muitos candidatos vão prometer um monte de soluções, assim como um culpar o outro pelo cenário atual, que está péssimo: taxa de desemprego altíssima, preço dos alimentos um absurdo, combustíveis olho da cara, lojas fechando, retorno da fome....

 
Deixando de lado essa questão eleitoral, gostaria de abordar o tema com outro olhar. Até porque, acho que o tema economia não pode se limitar a um debate político eleitoral, achando que um presidente e sua equipe econômica vão criar um plano econômico milagroso e que vai melhorar a economia do dia para noite.
 
Precisamos aprofundar nesse debate, afinal, o buraco é mais embaixo e estamos dentro dele. Trago esse tema para ser discutido dentro da cidade. O que pode ser feito para melhorar a economia em Leopoldina?
 
Primeiramente, precisamos entender como funciona o comércio em Leopoldina, que na sua grande maioria tem como base a revenda. Alguém compra algo fora da cidade e revende aqui: roupas, calçados, copos, garfos, colheres, brinquedos, remédios, móveis, eletrodomésticos, celulares, computador, alimentos, bebidas....
 
Isso também vale para o setor de serviços, conserto e manutenção, que também funciona como revenda. Afinal, na grande maioria das vezes o conserto acaba sendo a substituição de uma peça com defeito por uma nova ou usada, que nada mais é que revenda. É o caso de conserto de: celular, carro, máquina de lavar, geladeira, ar condicionado...
 
Até mesmo os alimentos que consumimos, boa parte é revenda. Tirando a feirinha, uns poucos açougues e alguns comércios que vendem de fato alimentos produzidos aqui, sendo algumas verduras, frutas, queijo, doces, carnes, cachaça. Os demais produtos vendidos nos grandes mercados e quitandas são revenda: arroz, feijão, macarrão, carne, biscoitos, doces, cerveja, refrigerante, frutas, legumes...
 
Como podem ver, a base da nossa economia é a revenda. Acontece que esse mercado vem mudando ao longo do tempo, tendo em vista o surgimento do comércio virtual: venda pela internet; que permite o consumidor comprar o que quiser, em qualquer lugar do Brasil e até mesmo do exterior, sem sair de casa.
 
Boa parte da população está preferindo comprar pela internet ao invés do comércio local. Por vários motivos: atendimento, horário (24h), variedade, preço, entrega em casa...
 
Para terem noção do crescimento do comércio virtual, cito o lucro dos Correios no ano passado, que foi de R$ 3,7 bilhões. Mais que o dobro do ano anterior (2020), que foi de R$ 1,5 bilhão. Quem passa em frente aos Correios de Leopoldina deve ter notado o aumento da frota de carro e moto. Vale destacar que não é somente os Correios que realizam entrega, várias outras empresas atuam na cidade: Jadelog, Mercado Livre, Shopee, HDL, FEDEX... Milhares de produtos são entregues diariamente na cidade. Todos comprados e produzidos fora da cidade.
 
Esse é o cenário da nossa economia e tende a aumentar. Cada vez mais as pessoas vão comprar pela internet e aplicativos, sendo direto com fornecedores ou com menos revendedores. A revenda da revenda tende a diminuir.  Com isso, muitos empresários que trabalham com revenda vão se tornar obsoletos. Não vão deixar de existir, mas venderão cada vez menos.
 
Nossos governantes e empresários têm que se atentar para essa realidade. Se não entenderem a lógica do mercado, a mudança do comércio físico pelo virtual, verão os comércios cada vez mais vazios e fechando. 
 
Muita coisa pode ser feita. Alguns já perceberam que é preciso inovar. Muitos já começam a utilizar as redes sociais para divulgar seus produtos e vendas. Recebo diariamente no meu Whatsapp encarte do mercado. Vejo no meu Instagran e Facebook algumas publicações de produtos das lojas da cidade. Esse é o primeiro passo. Mas é preciso muito mais que algumas propagandas midiáticas.  
 
Alguns viram que é preciso ir além da revenda, criando seu próprio produto, vendendo tanto no comércio interno como para fora da cidade. Como faz: Sol e Neve,  APA, LAC, Witler Drums, Macaúba, Cervejaria 032....
 
Algumas cidades foram além, é o caso de Ubá (móveis), Itamarati (biscoitos), Astolfo Dutra e Dona Eusébia (mudas) apostaram em algumas atividades econômicas específicas, se transformando em polos,  com isso tornaram referência. Leopoldina ainda não se encontrou nesse mercado.
 
Falando no comércio interno, outra boa alternativa é investir na agricultura familiar, como faz Cataguases, que tem um excelente Mercado Produtor, que funciona todos os dias. Em Leopoldina notamos a carência nessa área, nossos produtores estão jogados na rua, vendendo em feiras improvisadas, em alguns dias da semana, muitas das vezes só na parte da manhã.  Muitos inclusive deixam de produzir mais com receio de não conseguir vender.
 
No tocante ao artesanato, percebo uma melhora no setor. Além da tradicional feira que acontece todos os sábados, agora com cara nova, na Praça Felix Martins, com direito a música ao vivo, o prefeito fala em criar lojas na rodoviária voltadas para esse fim.
 
Ainda falando no comércio interno, dessa vez serviço, outro exemplo a seguir é a criação do nosso próprio aplicativo Uber, como vêm fazendo muitas cidades, onde o dinheiro fica todo na cidade, além de baratear o serviço e garantir um repasse maior para os motoristas, que hoje vêem o dinheiro indo para fora da cidade, ficando com pessoas que nem sabem onde fica Leopoldina.
 
Podemos ir além, criando uma moeda própria, como vem fazendo várias cidades, inclusive cheguei a apresentar um projeto nesse sentido em Cataguases, mas não foi levado adiante. Mais para a frente escreverei um texto explicando melhor essa ideia, que não é minha, como disse, existe em várias cidades e dá muito certo.
 
Podemos criar também o Mercado Virtual, contendo um catálogo com: lojas, produtos, serviços... que existem na cidade. Muitos hoje deixam de comprar na cidade pois não sabem o que vendem por aqui. Entre sair nas ruas tentando achar o que quer comprar, muitos preferem ir direito na internet.
 
Não poderia deixar de citar a questão da reutilização dos resíduos. Realização da coleta seletiva, que além de ser ótimo para o meio ambiente, é uma forma de criação de emprego e renda. Deixamos de arrecadar muito dinheiro destinando produtos recicláveis no lixo. Precisamos criar nas pessoas uma consciência ambiental, de modo jogar no lixo de fato o que é lixo, separando o que pode ser reaproveitado.
 
Como podem ver, temos muitas formas de gerar empregos na cidade. Sem precisar de elegemos um presidente e esperar que ele faça o milagre da multiplicação dos empregos. Basta nossos governantes e empresários se atualizarem.



Eleições 2022 – parte 2

 Ano passado escrevi um texto falando das eleições 2022 (Clique e relembre), citando algumas das pré-candidaturas locais.  Escrevo novamente sobre o tema, tendo em vista que chegamos no mês de março, mês fundamental para as eleições 2022, tendo em vista ser o mês que é aberta a “janela partidária”, período em que deputados (as), assim como senadores(as), poderão trocar de partido sem perder o mandato. A janela partidária inicia no dia 3 de março e encerra no dia 1º de abril.

 
Essa dança das cadeiras vai tornar o cenário político mais transparente. Iremos perceber como os partidos estarão formados, permitindo avaliar quais rumos os partidos vão tomar.
 
No cenário nacional, muita gente aguarda a definição de qual partido Geraldo Alckmin vai se filiar. Ele que está cotado para vice na chapa de Lula. Há rumores que ele possa se filiar ao PSB ou PSD.
 
Falando no PSD, além dessa possibilidade em filiar Geraldo Alckmin e compor uma chapa com o PT, o partido também trabalha com a possibilidade em ter candidatura própria. O partido tem hoje como candidato o presidente da Câmara, Rodrigo Pacheco. Mas vem tentando filiar Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, que é do PSDB, de modo ele ser o candidato do partido.
 
Muita movimentação também na base bolsonarista. Muita gente tentando ser vice de Bolsonaro, tendo em vista que General Mourão tudo indica concorrerá ao senado pelo Rio Grande do Sul, pelo Republicanos. Há rumores que o vice de Bolsonaro seja alguém do PP.
 
Além dessas mudanças de partidos, outro debate que vem sendo feito são as federações partidárias. União entre os partidos, equivalente as antigas coligações, a diferença é que essa união tem prazo de 4 anos de duração, valendo inclusive para as eleições de 2024 (prefeitos e vereadores).
 
Até o momento nenhuma federação foi criada. Até porque, muita gente está aguardando o resultado das janelas partidárias. Inclusive, o STF ampliou o prazo final para as criações das federações, que vai até o dia 31 de maio, justamente após a janela partidária.  
 
Os bastidores mostram a possibilidade do MDB vir fazer parte de uma federação junto com o União Brasil, partido que surgiu da união do DEM + PSL. Existe também a possiblidade do PSDB vir fazer parte dessa federação. No campo da esquerda, muito se fala de uma federação envolvendo PT, PSB, PCdoB e PV.
 
Trazendo esse debate para Leopoldina, esse mês é decisivo para os pré-candidatos da cidade: Marcos Paixão, Paulo Celestino, Ricardo Paf Pax, Roberto Brito, Willian Bunitinho a estadual e 
Rogério Suíno e José Eduardo a federal. Esses são os nomes mais comentados, mas talvez possam surgir outros pré-candidatos.
 
Esses pré-candidatos terão até o dia 1º de abril para definirem em qual partido irão se filiar e depois esperar a definição das federações partidárias, assim como qual chapa estadual será formada, para aí sim confirmarem suas candidaturas.
 
Definida a filiação teremos uma noção melhor dos rumos desses pré-candidatos de Leopoldina, o que permitirá fazer novas análises. Resta então aguardar chegar abril.



Retorno da Secretaria de Cultura

 Recentemente, tivemos uma importante mudança no governo Pedro Augusto, que foi a recriação da Secretaria de Cultura, que deixou de existir tendo em vista a promessa de campanha de número 4:  “Redução de secretarias municipais e indicação de pessoas técnicas para a equipe de governo”.

 
Essa promessa de campanha aconteceu no calor da eleição, sendo uma manobra eleitoreira, feita por quem na época desconhecia o funcionamento da prefeitura. Essa promessa de certa forma ajudou na vitória de Pedro Augusto, mas como os políticos costumam dizer: “Ganhar eleição até que é fácil, difícil é governar”.
 
Pedro Augusto ganhou a eleição, mas está tendo dificuldade em governar em diversas áreas, tendo em vista a política Menos Estado que prometeu, a qual atrapalha seu governo. Ainda mais em época de pandemia, onde mais do que nunca as pessoas precisam do Estado.
 
O presidente Bolsonaro enfrenta o mesmo problema. Na época da campanha Bolsonaro disse que seu governo teria apenas 15 ministérios. Mas passou longe disso, começou com 22 e 1 foi recriado, totalizando 23, oito a mais do que havia prometido. Imaginem se ele tivesse cumprido a promessa, ter somente 15 ministérios, o governo que já é ruim, seria pior.
 
Voltando para a gestão de Pedro Augusto, além recriação da Secretaria de Cultura, o prefeito poderia também recriar a Secretaria de Meio Ambiente. Vale destacar que nos últimos dias todos ficaram assustados com a tragédias que ocorrem Brasil a fora. A mais recente foi a de Petrópolis, mas tivemos também na Bahia, São Paulo e em Minas Gerais, inclusive em Leopoldina, onde o distrito de Ribeiro Junqueira foi arrasado após uma forte chuva. Destaco também Cataguases, que esse ano já passou por 3 enchentes.
 
Muita gente vem dizendo que essas fortes chuvas são trombas d’água, como se fossem eventos casuais. Não são! Essas fortes chuvas estão acontecendo cada vez com mais frequências, fruto da mudança climática. Dessa forma, mais do que nunca precisamos de mais atenção com o meio ambiente. Não ter a Secretaria de Meio Ambiente só piora a situação. Costumo dizer é uma economia burra, o barato que sai caro e quem paga essa conta é o povo.
 
Acaba com a Secretaria de Meio Ambiente, vem a tragédia e se limitam a comparecer no local para prestar solidariedade as vítimas, sem de fato enfrentar o verdadeiro problema, tendo em vista que acham desnecessário gastar com meio ambiente. Dessa forma, deixamos de ter políticas públicas voltadas para evitar essas tragédias.
 
Como vinha ocorrendo com a Cultura. Como não tinha secretaria, não tinha políticas públicas voltadas para área cultural. Dessa forma, a cultura ficou paralisada. Justo quando enfrentamos uma pandemia, onde a área cultural foi a mais afetada. Os produtores culturais em Leopoldina foram abandonados pelo setor público, jogados à própria sorte.

Vale destacar que na época do Zé Roberto, quando havia Secretaria de Cultura, foi utilizado dinheiro do Fundo Cultural da Lei Vitalino Duarte, para a realização do Festival das Lives, voltado para atender os músicos da cidade, os quais estavam sem condições de se apresentarem devido as regras de isolamento.
 
Lembro que na época foi criada uma Comissão Especial do Conselho de Cultura, tendo em vista que para poder usar o fundo cultural precisava da autorização do Conselho de Cultura. Inclusive fiz parte dessa comissão.  Em seguida, o conselho foi reorganizado.
 
Falando no Conselho de Cultura, desde a saída do ex-secretário de esporte, turismo, cultura e lazer e etc, Victor Guilherme, o conselho deixou existir, tendo em vista que Victor era o presidente do conselho e pediu desligamento após ter deixado o cargo de secretário.  O vice-presidente era o Saron Durães, que era superintendente de cultura e também deixou o cargo, automaticamente, deixou também vice-presidência do conselho. 
 
Com isso o conselho está inativo até hoje. Tem até um grupo de watzap, onde costumamos conversar, mas de forma não oficial.   Dessa forma, uma das tarefas do novo Secretário de Cultura é reativar o Conselho de Cultura, assim com outros que envolvem a secretaria, que também passam pelo mesmo problema, é o caso do Conselho de Patrimônio Histórico.
 
Falando no secretário, Pedro Augusto mandou muito bem ao nomear Alexandre Carlos Moreira para o cargo. Assim como Cláudio Verneque Guerson para o cargo de Superintendente de Cultura. Duas pessoas incríveis! Ambos da área da cultura.
 
Alexandre é formado em Direito e atua na área cultural há mais de 25 anos, e nos últimos 10 anos foi gestor da Casa de Leitura Lya Muller Botelho, da Fundação Ormeo Junqueira Botelho, mantida pela Energisa, onde fez diversos trabalhos culturais.
 
Cláudio é professor e Doutor em Ciências da Religião, tem experiência tanto na educação como na cultura. Destaque para o projeto “Saber com Sabor”, um encontro literário que existe há anos em Leopoldina, o qual tive a honra de participar de alguns encontros. Inclusive, num desses encontros teve a participação de Pedro Augusto e sua esposa Márcia, onde a palestrante foi Laura Domiciano, que atualmente faz parte da equipe do prefeito, sendo a secretária de Obras.
 
A secretaria de cultura está em boas mãos. Na verdade, esteve também em boas mãos na época do Victor Guilherme e Hudson, porém, é complicado ter que cuidar de várias áreas ao mesmo tempo. É quase impossível, por isso foi importante Pedro Augusto ter voltado atrás na promessa de campanha e ter recriado a Secretaria de Cultura.
 
Tenho a certeza que agora vai. Alexandre e Cláudio, assim como os demais funcionários da Secretaria de Cultura, farão um belo trabalho. Os desafios são enormes, tendo em vista que ainda estamos vivendo uma pandemia, mas que já começa a dar sinal que está indo embora e logo voltaremos à vida normal. 
 
A Secretaria de Cultura terá muito trabalho pela frente, tendo em vista que a população não vê a hora de voltar ter contato com eventos culturais. Infelizmente, novamente não foi possível a realização do carnaval. Mas vem chegando o aniversário da cidade e o motorock, onde, até o momento, está previsto a realização deles. Será o nosso pontapé inicial para dar fim na onda verde, amarela, azul, roxa... e o começar a onda cultural. Salve a cultura!





Emendas impositivas!?

 Recentemente, os vereadores de Leopoldina alteraram a Lei Orgânica do Município e criaram as Emendas Impositivas, que nada mais é que a famosa Emenda Parlamentar. Vale destacar que as emendas parlamentares não existiam nos governos municipais, apenas nos governos estaduais (deputados estaduais) e federal (deputados federais e senadores).

 
Na verdade, em alguns municípios até têm as emendas parlamentares, porém sem nenhuma legislação federal, são fruto de um acordo político entre Legislativo e Executivo. Muitas das vezes, a troca de prefeito fazia com que as emendas deixassem de existir, o que causava atrito entre os poderes, indo parar na justiça.
 
Por falar na justiça, muitos municípios que não têm as emendas e tentam criá-las, entram na justiça reivindicando. Temos ações Brasil à fora, onde algumas causas favoráveis acabam abrindo brechas, gerando jurisprudência. Foi o que aconteceu em   Leopoldina, onde o jurídico da Câmara, analisando algumas decisões viu a possibilidade de criar no município as emendas impositivas.
 
Vejo esse debate muito mais político do que jurídico. As emendas impositivas são frutos do momento político que estamos vivendo, onde o poder Legislativo ganhou muita força. Isso vem ocorrendo desde as eleições de 2014, após as manifestações de 2013 que mudaram o rumo da política.
 
Naquela época Dilma foi reeleita, mas não conseguiu governar, tendo em vista o fortalecimento do Legislativo, que inclusive conseguiu aprovar o impeachment dela. Dilma caiu por causa das “pedaladas fiscais”, o que para muito foi um golpe, sendo um golpe parlamentar.
 
De lá para cá, o Congresso passou meio que governar o país. Os presidentes ficaram submissos a ele, passando inclusive a destinar cada vez mais recursos para os deputados e senadores. Em 2019 foi aprovada a PEC 34, que criou o Orçamento Impositivo, voltada para as emendas parlamentares.
 
No governo Bolsonaro foi criado a emenda de relator, que faz parte do orçamento secreto, onde ninguém sabe valores, muito menos para onde as emendas são enviadas. Sem nenhuma forma de transparência. Destaco também o aumento do fundo eleitoral, que triplicou. E aí do presidente tentar vetar ou não cumprir. Como podem ver, o Congresso, controlado pelo Centrão,  manda  mais no orçamento do que o Ministro da Economia. O Legislativo vem dando as cartas.
 
Percebendo esse fortalecimento do Legislativo, os vereadores resolveram pegar carona na PEC do Orçamento Impositivo e inseri-lo em Leopoldina, alterando a Lei Orgânica do Município e criando as emendas impositivas.
 
Em 2022, o valor destinadas as emendas impositivas será de R$ 1.335,000,00 (um milhão e trezentos e trinta e cinco mil), o que representa 1,0% da receita corrente líquida.  Lembrando que o orçamento para esse ano será de R$ 150.490.139,39 (cento e cinqüenta milhões, quatrocentos e noventa mil, cento e trinta e nove reais e trinta e nove centavos).
 
Esse valor de R$ R$ 1.335,000,00 será dividido entre os 15 vereadores, onde cada um vai ter direito a destinar R$ 89 mil em emendas, sendo que a metade desse valor (R$ 44.500,00), deverá ser destinado para a saúde, o restante para outras áreas. Os vereadores inclusive já definiram para onde vão destiná-las.
 
Em parte, acho interessante a criação dessas emendas, pois descentraliza o orçamento e até fortalece a democracia. Imaginem por exemplo se não tivessem as emendas parlamentares e o dinheiro ficasse todo por conta do Executivo, o presidente Bolsonaro destinaria dinheiro para locais onde é governado pela oposição, pelo PT, pela esquerda se não fosse obrigado?  Ou o contrário, um governo de esquerda enviaria dinheiro para locais que a direita governa? Acredito que não.  Daí a importância das emendas, pois elas garantem que todos tenham acesso ao orçamento, seja direita, esquerda, centro, oposição, situação, combatendo o autoritarismo e o uso de dinheiro público com viés ideológico.
 
Por outro lado, temos que reconhecer as falhas das emendas parlamentares, onde deputados e senadores acabam sendo beneficiados por elas, destinando para lugares os quais os favorecem, muitas das vezes servindo como compra de voto e apoio.
 
Por isso acho muito mais interessante a criação do Orçamento Participativo, uma ideia do PT, que inclusive é aplicada em vários municípios, onde a população decide onde o dinheiro deve ser gasto. Entendo que os vereadores são representantes do povo, mas acho que ao invés dos vereadores destinarem as emendas, seria muito melhor a própria população definir. Quem sabe no futuro essas emendas impositivas não se transformem em Orçamento Participativo.