domingo, 8 de março de 2020

E agora Cláudia Conte?

Recentemente, o Partido dos Trabalhadores (PT) completou 40 anos de existência. Mas o clima não está pra festa. A legenda que por quatro vezes ganhou a presidência da República, chegou a fazer governador em Minas Gerais, uma grande quantidade de prefeitos e vereadores, vem perdendo espaço na política nos últimos tempos. Por outro lado, o PT continua como uma das maiores forças política do país. Tem a maior bancada no congresso e foi o partido que mais elegeu governadores.

Visando recuperar espaço na política, o partido se prepara para as eleições de 2020. O objetivo é eleger um bom número de prefeitos e vereadores. A orientação da direção do partido é no sentido de ter candidatura própria. Como disse o presidente do PT de Minas Gerais, o deputado estadual Cristiano Silveira: “Time que não joga, não tem torcida”. Dessa forma, o PT vai colocar seu time em campo.

Em Leopoldina, a direção local vem se organizando para lançar candidatura própria. Coisa que não acontece desde 2004, quando a professora e ex-vereadora Iolanda Cangussu foi candidata. Nessa eleição Zé Roberto foi reeleito, obtendo 13.950 votos, Bené Guedes ficou em segundo com 11.844 votos e Iolanda em terceiro com 3.835 votos.

O PT foi muito criticado nessa eleição. A oposição na época responsabilizou a candidatura de Iolanda pela vitória de Zé Roberto. Depois desse ocorrido, o PT não lançou mais candidato. Apoiou candidaturas da oposição. Por duas vezes lançou o vice-prefeito: 2008 Dr. Marco Antônio foi vice de Zé Newton e 2012 Dr. Marco Antônio vice de Marcinho Pimentel. Na última eleição, O PT apoiou Breno Coli.

Depois de anos abrindo mão de candidatura, o partido resolveu disputar novamente a eleição. Torce para que haja novamente a união da oposição. Dessa vez, apoiando sua chapa. Mas está muito complicada essa unificação. Tendo em vista que nessa eleição não terá a polarização. Já que o prefeito Zé Roberto está fora da disputa. A eleição ficou aberta. O que explica a quantidade de pré-candidatos (8) até o momento. Uma delas é a do PT: Cláudia Conte.

Depois de 16 anos sem disputar, o partido novamente lança uma mulher e professora. O partido aposta na força da mulher. Cada dia que passa as mulheres vêm ganhando espaço na política. Vale destacar que elas são maioria da população. De acordo com o censo de 2010, dos 51.040 habitantes de Leopoldina: 26.584 são mulheres e 24.456 homens. O censo de 2017 mostra um aumento da população para 52.587 habitantes. Não encontrei os números detalhados, mas as mulheres continuam sendo maioria.

Com uma população de maioria mulher, o partido acredita que a candidatura de uma mulher pode atrair os votos do público feminino e lhe garantir uma certa vantagem. Porém, tudo indica que teremos mais candidaturas de mulheres. A vereadora Kélvia é também pré-candidata. Caso confirmem essas duas candidaturas, tende a dividir os votos femininos entre elas. O que será ruim para ambas.

O PT aposta também nas novas regras eleitorais. Nesse ponto o partido sai na frente dos demais pré-candidatos. Já que alguns nem partidos ainda têm, outros têm mas não sabem se terão legenda. Dos que têm partido, a maioria não está organizado, funcionando através de comissões provisórias. O PT é um dos poucos partidos que tem diretório formado. Senão me falha memória, acho que só o PT e o PSC – do prefeito Zé Roberto – é que tem diretório. Outra vantagem do PT é a quantidade de filiados. Para essa eleição isso conta muito, principalmente para disputa no legislativo, onde volto a repetir: os partidos não poderão coligar, será cada um por si. Isso tende a diminuir bastante a quantidade de partidos. Já que é muito difícil montar uma chapa para vereador.

Na última eleição 26 partidos participaram, dessa vez deve o número deve cair pela metade, isso se não for menos. Lembrando que os partidos têm até o dia 5 de abril para montar seu quadro de filiados. Só poderá ser candidato quem até essa data estiver filiado a algum partido.

Partido que tem pré-candidatura tende a atrair maior número de lideranças. O que ajuda na eleição para vereador. Ao lançar pré-candidatura, PT aposta que conseguirá atrair bastante lideranças e com isso repetir o feito de 2012, quando elegeu três vereadores: Paturi, Celestino e Oldemar.

Outra aposta do PT é na questão do novo. Esse sentimento está muito forte nessa eleição, tendo em vista a ausência do Zé Roberto, o falecimento de Marcinho Pimentel e “aposentadoria” de Bené Guedes. Os “figurões” da política estão fora. O único remanescente é Breno Coli.

A ausência desses figurões na eleição abriu espaço para nomes novos. Cláudia Conte é uma dessas novidades. Até então desconhecida no meio político. Eu mesmo não a conhecia. Tomei conhecimento de quem era depois que seu nome começou a ser noticiado como pré-candidata. Mas a maioria tomou conhecimento do nome dela depois de uma enquete virtual.

Não ser conhecida na política tem seu lado bom e ruim. Ruim, pois o partido terá que trabalhar mais pra emplacar seu nome, mas em época de redes sociais fica muito mais fácil fazer isso. Cito como exemplo Willian Bonitinho – “Virado no Jiraya”, utilizando as redes sociais se tornou rapidamente numa das pessoas mais conhecidas na cidade.

O lado bom de ter um nome novo é que tem menos rejeição. E de rejeição o PT entende bem. É o maior problema do partido. O antipetismo ainda está muito forte. Porém, em Leopoldina menos. Vale lembrar que Haddad ganhou de Bolsonaro em Leopoldina nos dois turnos, fato que ocorreu em poucas cidades do Brasil -fora do Nordeste. A deputada federal Margarida Salomão do PT foi a segunda mais votada na cidade. Dilma Rousseff não ganhou para senadora, mas em Leopoldina foi a mais votada. O ex-governador Fernando Pimentel, que nem pro segundo turno foi, também teve uma boa votação em Leopoldina.

As boas votações da esquerda em Leopoldina animam o PT. Porém, é bom destacar que existem outras pré-candidaturas que disputam esses votos. Da esquerda e do centro. É o caso do Godelo (PCdoB), Ricardo da Paf Pax (PSB), Marco Antônio (PRB) e Rodrigo Pimentel (PV).

Esses pré-candidatos dividem votos com o PT. Como disse acima, um dos desafios é unificar a oposição e construir a terceira via. A qual o PT espera que seja em torno dele. Para isso terá que vencer o “antipetismo” que existe na cidade, não por causa dos problemas nacionais, como citei acima eles não afetaram as votações do PT, a questão é mais pessoal, problema com egos e brigas antigas.

A questão do ego pode atrapalhar a construção da terceira via. Nomes com mais bagagem política, como Godelo, Marco Antonio e Rodrigo Pimentel, tendem a não querer abrir mão para nomes novos. Como disse Romário: “Chegou agora e já quer sentar na janela”.

Esse é um dos desafios não só de Cláudia Conte, mas também de Marcos Paixão e Ricardo da Paf Pax, os estreantes na política. Todos eles sabem que precisarão de apoio. Até mesmo para conseguir um bom vice. O desafio é unificar novamente parte da oposição. Resta saber se Cláudia Conte vai conseguir isso. No caso do Dr. Marco Antônio acredito que ela consiga, já que é cunhada dele. Mas e os demais? Será que Cláudia Conte vai conseguir unificar a oposição? A pergunta que não quer calar: E agora Cláudia Conte?

quarta-feira, 4 de março de 2020

E agora Godelo?

Godelo é uma figura muito conhecida no meio político de Leopoldina. Já foi candidato a vereador e deputado estadual. Agora, é um dos pré-candidatos a prefeito.

A pré-candidatura de Godelo, assim como várias outras, é fruto do cenário político. A ausência do prefeito Zé Roberto na disputa deixou a eleição aberta. Animando muita gente. Por isso temos tantas pré-candidaturas.

Muitos acreditam que quanto mais candidato tiver, mais fácil fica a disputa. Tendo em vista que os votos serão divididos. Dessa forma, para ser eleito não precisará de uma votação alta.

Vamos analisar na prática. Na eleição passada tivemos apenas dois candidatos. Zé Roberto foi eleito com 15.004 votos, contra 14.720 votos do Breno Coli. A polarização dificultou disputa. Fazendo com que o eleito tivesse uma votação muito alta. A diferença entre eles foi muito pequena.

Os “matemáticos” e analistas políticos acreditam que num cenário com muitas candidaturas a votação tende a cair. Dessa forma, não precisará obter mais de 10 mil votos para ser eleito. Podendo ser eleito com 8 a 10 mil votos. Essa é a aposta que muita gente está fazendo. E de aposta Godelo entende.

Além de apostar em muitas candidaturas, Godelo aposta também na questão partidária. Essa eleição será a primeira com as novas regras eleitorais. Exigirá muito dos partidos. Candidato que tiver um partido mais organizado levará um pouco de vantagem. É o caso do Godelo, presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Um dos poucos partidos organizados em Leopoldina.

Abro um parêntese para contar um pouco da história do PCdoB no Brasil. Afinal de contas, é o partido mais antigo do país. O partido é fruto da Revolução Russa (1917), a qual levou pela primeira vez na história os trabalhadores ao poder. Organizados através de conselhos operários (sovietes), os trabalhadores conseguiram assumir o poder do país, fazendo importantes mudanças sociais, que mudaram não só a Rússia, mas boa parte do mundo.

Após o sucesso da Revolução Russa, vários partidos comunistas foram criados mundo a fora. Em 25 de Março de 1922, é criado no Brasil o Partido Comunista do Brasil (PCB).
Em 1962, houve uma dissidência entre os comunistas. Ficando divididos em dois partidos: um ficou com o nome Partido Comunista do Brasil, porém, mudando a sigla para PCdoB – partido do Godelo; o outro ficou com a sigla PCB mas mudou o nome para Partido Comunista Brasileiro. Ambos os partidos tiveram grande importância na política brasileira. Tanto que existem até hoje.

Voltando a pré-candidatura do Godelo, citei a história do PCdoB, pois uma das vantagens dele em relação aos outros pré-candidatos é justamente o partido. Como disse anteriormente, essa eleição será a primeira com as novas regras da reforma política.

Já falei isso em outros artigos mas vou repetir, os partidos dessa vez não poderão coligar para a disputa no legislativo. Será chapa pura. Cada partido poderá lançar até 23 candidatos a vereador. Pode sair com menos, porém, quanto mais candidatos melhor, tendo em vista que para conseguir eleger vereador o partido terá que alcançar o quociente eleitoral. Onde um voto acaba decidindo uma eleição.

Vale destacar que os partidos terão que cumprir 30% das cotas de gênero, no nosso caso, 30% das candidaturas serão de mulheres Se o partido lançar 23 candidatos, serão 16 homens e 7 mulheres. Se lançar 20 candidatos, serão 14 homens e 6 mulheres....

Dentro desse cenário, quem tem partido organizado sai na frente. É o caso de Godelo. Afinal, alguns outros pré-candidatos nem partidos ainda têm. Alguns têm, mas não sabem se terão legenda. Outros terão legenda, mas não sabem se conseguirão montar uma boa chapa para vereador. Vale destacar que chapa para vereador é a base da campanha para prefeito. Candidato sem uma boa chapa de vereador, sem lideranças do seu lado, terá mais dificuldades na campanha. Caso seja eleito, terá dificuldades pra governar.

Podemos dizer que a organização do PCdoB coloca Godelo na disputa. Alguns pré-candidatos sabem disso e até tentaram se filiar ao partido. Mas Godelo não é de deixar ninguém colocar ovos no seu ninho para ele cuidar. Pelo contrário.

Ao mesmo tempo que o partido favorece Godelo, acaba também atrapalhando. Tendo em vista que existe outro partido no campo da esquerda. Também com pré-candidatura. No caso, o Partido dos Trabalhadores (PT). O qual tem como pré-candidata a Cláudia Conte.

PT e PCdoB disputam os mesmos votos. Logo, não é vantagem para nenhum deles que ambos tenham candidaturas. Afinal, um acaba tirando voto do outro. Pela lógica, esses partidos deveriam caminhar juntos. Porém, ninguém entende porque eles insistem em andar separados.

Talvez seja por causa da boa votação que a esquerda tem na cidade. Vale destacar que Bolsonaro perdeu para Haddad em Leopoldina. Mesmo tendo com “cabo eleitoral” Roberto Brito, filho do prefeito, que concorreu ao cargo de deputado estadual pelo partido de Bolsonaro (PSL).

Vale ressaltar que a nível nacional a esquerda quase sempre ganha em Leopoldina. É raro um candidato da direita ter mais votos que o da esquerda. A nível estadual, a esquerda também consegue ter uma boa votação na cidade. Destaco a eleição para deputado federal, onde Margarida Salomão foi a segunda mais bem votada em Leopoldina.

A boa votação da esquerda em Leopoldina faz com que a cidade tenha dois partidos de esquerda. Dividindo votos entre eles. Para o cenário nacional e estadual isso é bom. Aumenta a representatividade da cidade. Mas quando se trata de uma disputa municipal não. Dividir votos do mesmo campo não é bom. Ambos os lados sabem disso. Mas quem deve desistir?

Por falar em dividir votos, Godelo vivenciou isso em 2018. Quando concorreu ao cargo de deputado estadual. Obteve poucos votos, tendo em vista que concorreu contra Roberto Brito (PSL), filho do prefeito Zé Roberto e o vereador Jacques Vilela (DEM). Além de vários outros candidatos da esquerda na região.

E dessa vez, o que Godelo irá fazer? A pergunta que não quer calar: E agora Godelo?



E agora Marcos Paixão?

Uma das novidades da política de Leopoldina é o radialista Marcos Paixão. Paixão, como é mais conhecido, vem se destacando nessas eleições. Sua profissão (radialista) o ajuda muito. Tendo em vista que está em contato com a população. Ouve seus anseios diariamente.

Como ele disse na entrevista para o Jornal Leopoldinense: “Sou radialista e no meu dia-a-dia recebo dezenas de ligações de ouvintes relatando problemas relacionados à gestão pública municipal. Essa triste rotina me despertou à necessidade de ir além da força do rádio e me tornar um pré-candidato a prefeito de Leopoldina”.

Podemos dizer que Paixão é fruto da “Nova política”. Pega carona na crise política. Onde muitos do meio político estão desgastados. Existe por parte da população sentimento de mudança. O nome de Paixão vai ao encontro desse movimento de renovação.

O fato dele não ser político o ajuda, mas também o atrapalha. Afinal de contas, tem que saber jogar o jogo político. Conhecer as regras eleitorais. Percebo por parte de Paixão um pouco de amadorismo. Isso é normal para quem é marinheiro de primeira viagem. Porém, na política é bom ficar esperto. Não pode empolgar muito, pois acaba cometendo falhas que podem inviabilizar ou trazer problemas para sua possível candidatura.

Isso vem ocorrendo com Paixão. Assim que anunciou sua pré-candidatura a prefeito, sendo o primeiro a fazer isso, o grupo que lhe apoia foi logo para as redes sociais começar a divulgar. Muitos de seus seguidores colocaram em suas fotos no facebook o tema: “Eu tenho paixão por Leopoldina”.

Para um bom entendedor um pingo é letra. Tá na cara o que está por de traz dessas fotos. Quando as vi circulando pelas redes sociais percebi que faltava a esse grupo conhecimento da lei eleitoral. Não que Paixão e seus seguidores não pudessem fazer isso. Porém, ao fazer uso desse slogan antecipadamente, talvez não poderá utilizá-lo no período eleitoral. Pois se fizer, pode ser enquadrado na questão da campanha antecipada. Ou seja, jogou um trunfo fora. Queimou cartucho. Um slogan bom para ser usado numa possível candidatura foi jogado fora.

Outra falha política foi na questão filiação partidária. Mal anunciou sua pré-candidatura, o primeiro partido que o procurou ele se filiou. Sua filiação ocorreu no dia 1º de Julho de 2019. Sendo que tem até o dia 4 de Abril desse ano para se filiar a um partido.

Sua filiação foi muito prematura. Notamos pela foto que foi tirada no dia. Havia poucas pessoas com ele. Da pra contar nos dedos. Alguns que ali estavam, nem do partido eram, mas sim de outro. Nitidamente mostrou que não tem grupo. Na política uma simples foto diz muita coisa.

Por falar em grupo, até entendo os motivos que levaram a se filiar tão rápido. Justamente, querer montar um grupo. Principalmente, montar chapa para vereador. Chapa de vereador é muito importante para campanha para prefeito. É a base de qualquer campanha.

A respeito da eleição para vereador, cada partido poderá lançar até 23 candidatos. Sendo 16 homens e 7 mulheres. Não é nada fácil conseguir montar uma chapa para vereador. Até porque, até o dia 4 de Abril as pessoas podem mudar de partido. Logo, nunca se sabe quem vai estar com quem de fato. Muito menos quem vai estar á frente dos partidos. Essas coisas mudam do dia pra noite. Colocando em dúvida todas as pré-candidaturas. Será que terão legenda?

Ao tornar sua filiação partidária pública, mostrando onde está e quem está com ele, Paixão deu arma para seus adversários. Na política não existe solidariedade. O jogo é pesado. Não demorou muito para a “Velha política” entrar em campo e começar a dificultar as coisas para Paixão. Visando frear sua candidatura.

Paixão tomou conhecimento dos bastidores políticos.Os ataques que sofreu deixaram-no com uma pulga atrás da orelha. Estuda a possibilidade de trocar de partido. Como disse anteriormente, tem até o dia 4 de abril para isso.

Sua pré-candidatura ligou o alerta vermelho. Vermelho é a cor da paixão. Tudo indica que Paixão irá para um partido que tem as cores vermelha. Partido onde tem muitos amigos. Porém, amigos, amigos, partidos à parte. Ir para um partido com um grupo formado, com direção definida, fará com que Paixão tenha que aceitar as regras e acordos desse partido.

É aquilo: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.

Mas por enquanto não tem nada certo. No meio de tantas incertezas. A pergunta que não quer calar: “E agora Paixão”.