domingo, 25 de junho de 2017

Bolsonaro!?

Estamos passando pela maior crise política desde a redemocratização (1985). A classe política está muito desgastada. Ambiente propício para “aventureiros”. Para ser considerado um bom candidato não precisa ter história, proposta, muito menos partido. Basta apenas um discurso moralista e conservador.

Isso não é novidade. Foi assim em 1989, com Fernando Collor: Caçador de Marajás. Em 1961, com Jânio Quadros: Varredor de corruptos.



Com destaque para a campanha de Jânio. Pra mim o maior marketing político da nossa história. Criaram um personagem: Jânio Vassourinha – varredor da corrupção. Aonde ele ia levava com ele a vassoura. Símbolo de combate à corrupção. Seu jingle (música de campanha) foi um sucesso.



Coincidência ou não, tanto Jânio quanto Collor, não conseguiram terminar seus mandatos. Jânio renunciou ainda no primeiro ano de mandato. Collor sofreu o impeachment no segundo ano de mandato. Afinal, esses candidatos não tinham uma plataforma de governo. Um partido forte. Muito menos apoio político. Eram apenas personagens criados que falavam aquilo que o povo queria ouvir. Ou aquilo que queriam que o povo ouvisse.

Por falar em criação, o personagem do momento é o Bolsonaro. Um político que utiliza de frases de efeitos e polêmicas para se promover. Destaco para algumas: Bandido bom é bandido morto; O erro da ditadura foi torturar e não matar; Pinochet deveria ter matado mais (Ditadura no Chile); A PM deveria ter matado 1.000 e não 111 presos (Carandiru); Não estupro você porque você não merece (Maria do Rosário); Se eu pegasse filho fumando maconha o torturava; Eu não entraria em um avião pilotado por um cotista nem aceitaria ser operado por um médico cotista; Mulher deve ganhar salário menor porque engravida; Desaparecidos do Araguaia, quem procura osso é cachorro; Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa...


Essas frases transformaram Bolsonaro num personagem folclórico: o Mito. O grande problema é que ele não pode parar de falar besteira. Afinal, o personagem que ele criou sobrevive das besteiras que fala. Sem elas, ele perde a graça. Logo, para manter o personagem terá continuar fazendo piadas e criando polêmicas.

Mas não são apenas as polêmicas que explicam o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas eleitorais. Na verdade, esse crescimento está relacionado à crise do PSDB. Vale destacar que o PSDB era o partido que representava a direita a nível nacional. Das últimas seis eleições, o partido ganhou duas (FHC) e perdeu quatro – duas pro Lula (Serra e Alckmin) e duas pra Dilma(Serra e Aécio). Esteve no segundo turno em todas.

Acontece que as consecutivas derrotas fizeram mal para o PSDB. Em especial a última. Tendo em vista que o partido não aceitou a derrota e partiu para o quanto pior melhor. Visando reverter o resultado das urnas o PSDB pediu recontagem de votos, não diplomação da presidente Dilma, cassação da chapa Dilma/Temer, pedidos de impeachment, obstrução dos trabalhos legislativos, patrocinou manifestações...

Como diz o ditado: água mole pedra dura tanto bate até que fura. As táticas para derrubar o PT acabaram dando certo. O que os tucanos não previam é que a crise política que ajudaram a criar afetaria o novo governo: Temer/PSDB. Sendo considerado um dos governos mais impopulares da história. O PSDB prova do próprio veneno.

Se não bastasse isso, o partido está envolvido em vários escândalos de corrupção. Tendo o presidente do partido e ex-candidato a presidência da República (Aécio Neves) um dos investigados. Além de vários outros líderes.

Outro problema do partido é a indecisão de um nome para candidato a presidente. O partido tem muitos nomes: FHC, Aécio, Serra, Alckmin, Tarso Jereissati. Nomes que representam a velha política. Sendo que momento está propício a nomes novos. Com isso ganha força a candidatura de João Dória, prefeito de São Paulo. E até mesmo do apresentador Luciano Huck - Loucura, loucura, loucura.

Enquanto o PSDB não decide seu futuro, a começar pelo rompimento com o governo Temer, além de um nome para candidato a presidente, Bolsonaro aproveita esse vazio criado pelos tucanos e assume como candidato da direita.

Mas isso é temporário. Fogo de palha. Assim que o PSDB definir um nome, a candidatura de Bolsonaro perderá força. Inclusive já vem perdendo. Vale destacar que seu partido (PSC) vem manifestando que não lançará Bolsonaro candidato. Isso ficou nítido na propaganda partidária vinculada na TV, a qual Bolsonaro sequer apareceu. Membros do partido não concordam com discurso agressivo de Bolsonaro. Pega mal um partido que se diz “cristão” ter um candidato que prega o ódio e a violência. Ataca as minorias.

O discurso agressivo não prejudica apenas a campanha de Bolsonaro. Mas também a direita. Rotulada de: machista, racista, homofóbica, moralista e conservadora. Além do que, caso Bolsonaro realmente seja candidato, dividirá com os tucanos os votos da direita. O que acaba sendo bom para a esquerda. Com isso, Bolsonaro acaba sendo para a esquerda: meu malvado favorito. Mito!

terça-feira, 13 de junho de 2017

O julgamento do TSE

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu por maioria (4 a 3) a absolvição da chapa Temer/PSDB. O leitor deve tá pensando que eu fiz confusão. Afinal, o julgamento era da chapa Dilma/Temer.

Vale lembrar que a chapa Dilma/Temer deixou de existir logo após o impeachment da presidente Dilma. De lá pra cá, a chapa que assumiu foi à chapa Temer/PSDB. Caso fosse aprovada a cassação da chapa, quem sairia seria Temer. Logo, podemos dizer que o julgamento foi da chapa Temer/PSDB. E não da chapa Dilma/Temer.

Com a absolvição, a chapa Temer/PSDB continua no poder. Podemos dizer que a questão política pesou. Tendo em vista que a cassação aumentaria a crise política e econômica.

Isso fica nítido nas falas do presidente do TSE, o ministro Gilmar Mendes, que foi o voto decisivo. Segundo ele: “Prefere-se manter um governo ruim e mau escolhido do que tirar a estabilidade de país". Completa ele, fiquei preocupado com o levantamento apresentado pelo ministro Herman que indicava a necessidade de “cassar todos os mandatos até 2006”.

Não sou de concordar muito com Gilmar Mendes, agora tenho que concordar com ele quando diz das consequências dessa cassação. Caso a chapa Dilma/Temer fosse cassada, diversas outras chapas também deveriam ser cassadas. Afinal, quase todas utilizaram das mesmas práticas que a chapa Dilma/Temer. Principalmente, na questão dos recebimentos de doações (ou propinas) de empresas e uso do Caixa 2. Como vem demostrando as investigações da Operação Lava-Jato.

Seria caça as bruxas. Sobrariam poucas chapas. Cassariam e puniriam presidentes, governadores, senadores, deputados, prefeitos, vereadores. Isso pesou no julgamento. Que acabou sendo político.

Na verdade, esse processo foi político. Não tem nada de jurídico, ético ou moral. Afinal, quem entrou com a ação foi o Diretório Nacional do PSDB e a Coligação Muda Brasil (Aécio Neves). Que inclusive praticou atos que ele acusa. Ou seja, o sujo falando do mal lavado.

O pedido de cassação da chapa foi mais uma tentativa para derrubar Dilma. Além da cassação da chapa, os tucanos pediram recontagem dos votos, não diplomação da presidente Dilma, entraram com processos de impeachment, obstrução dos trabalhos legislativa e patrocinaram manifestações contra o governo.

Dificilmente Dilma conseguiria terminar seu mandato. O que os tucanos não previam é que suas ações prejudicariam o novo governo. O qual fazem parte. Inclusive, chegaram a mudar de opinião em relação à cassação da chapa. Trabalhando contra a cassação. Por muito pouco os tucanos não provam do próprio veneno.

Por falar em mudar de opinião, o PT também mudou. Até então, o partido era contrário à cassação da chapa. Com a saída de Dilma, o partido viu na cassação uma forma de derrubar Temer. Além de uma possibilidade para realizar eleição direta. O partido ficou entre a cruz e a espada.

Esse processo serviu para mostrar como funciona a política. Quem era a favor passou ser contra. Quem era contra passou ser a favor. Quem deveria ser neutro acabou tomando partido.

No final, quem acabou sendo julgado foi o TSE.