domingo, 24 de março de 2013

O que mudou: a humanidade, a religião ou Deus?


O que mudou: a humanidade, a religião ou Deus?

Paulo Lucio – Carteirinho

No dia 11 de Fevereiro de 2013 o Papa Bento XVI surpreende o mundo ao renunciar ao papado. Um gesto inesperado, tendo em vista que na história moderna os papas se mantiveram no cargo até a morte. O último papa que renunciou foi o papa Gregório XII, em 1415.

Sua  renúncia  levanta diversas dúvidas. Afinal de contas, quais foram  os motivos  da renúncia? Problema de saúde? Pressão interna? Pressão externa? Escândalos?  Nessa hora surgem diversas teses, todos tentam explicar, o que parece inexplicável.

E eu sou  arrisco um  palpite. Na minha humilde opinião, foi  pressão interna, tendo em vista que na última década a Igreja Católica  vem perdendo muitos fieis. No Brasil por exemplo, país com maior quantidade de católicos no mundo, fazendo uma análise do Censo de 2000 com  o de 2010, o números de católicos foram reduzidos, cerca de 1,7 milhão largaram a crença. E média, a Igreja perdeu 465 fieis por dia,  lembrando que a população brasileira cresceu 12,3% nesse período. Em 2010, 64,6 % da população era católica, tendo uma queda de 12,2% em relação aos 73,6% de 2010.Segundo especialistas, se manter esse ritmo, em 20 anos os católicos serão menos da metade da população.

Qual a explicação para a diminuição dos católicos? Segundo os números, o crescimento dos evangélicos é a maior causa da queda dos católicos, embora que o número de pessoas que se declaram sem religião e de religiões minoritárias, como o espiritismo, aumentaram. Dividindo em três  categorias: católicos, evangélicos e espíritas.

Isso não acontece somente no Brasil, mas no mundo  em geral. Com isso, a Igreja Católica precisa recuperar terreno e para isso precisa fazer  uma reforma interna,  revendo  alguns conceitos,  práticas e crenças, principalmente,  o lado conservador,  representado pelo  papa Bento XVI.  Por isso, acredito eu, houve uma pressão interna para que o papa renunciasse e um novo papa fosse eleito, esse com essa difícil missão,   manter e recuperar os fiéis.

E no dia 13 de Março de 2013, lentes do mundo todo focavam  a chaminé da capela Sistina, aguardando a fuma branca e o anúncio do novo papa, que para surpresa geral é argentino, o Hermano Jorge Mario Bergoglio, que se passa a se chamar Francisco.
Abro um parêntese para falar sobre a mudança de nome dos papas. Segundo a Bíblia,  quando Deus muda o nome de alguém, Ele está dando-lhe uma função especial. Como aconteceu com Saulo de Tarso que passou a ser chamar   Paulo. Simão passou a ser chamar Pedro. Além de outros exemplos. Dessa forma, muitos papas mudam de nome, tendo em vista receber uma função especial.

Citei a mudança do papa para tratar sobre mudanças no movimento religioso. Pois entendo que o papel da religião é justamente a mudança de pensamento e conduta do ser humano.  E para defender essa tese, cito  uma frase de  William Aspah , que diz:”Jesus nunca pregou religião mas mudança de vida.” No Novo Testamento dificilmente iremos encontrar Jesus defendendo uma religião, leis, escrituras, livros... . Por quê Cristo não citava as passagens do Antigo Testamento e falava por parábolas? Por que ele veio propor uma mudança, principalmente, na interpretação dos Livros Sagrados, escrituras,  leis e crenças.

Comprovamos isso  em  João 8:1-10, que trata da mulher adúltera. “E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” .

Jesus não defendeu a lei de Moises, e fez as pessoas mudarem seus pensamentos em relação a essa lei: “E disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro  que atire pedra contra ela.” Ao fazer isso, Jesus propõem uma mudança de comportamento, mostrando que não é necessário apedrejar e matar uma pessoa só por que está escrito nas escrituras.

E tal lei levanta  questionamento nos dias de hoje. Afinal de contas, será mesmo tal lei que ordena apedreja e matar uma pessoa uma vontade de Deus ou do Homem?

O comentário de Jesus provoca uma mudança de comportamento, automaticamente, na lei. E a mulher não foi  apedrejada. “..saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?”.

Para reforçar cito outra passagem, também envolvendo uma “ordem de Deus”. Em  Número 15: 32-36, onde uma pessoa é morta simplesmente por  estar pegando lenha ao sábado. Para entender melhor essa passagem, devemos analisar o Livro de   Êxodo 20:8 -11, que trata da questão de sábado.  "Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo.  Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor,o teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou”

Dessa forma, sábado passou a  ser um dia sagrado. Voltando a passagem que citei, Número 15:32-36 : “Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado. E os que o acharam apanhando lenha o trouxeram a Moisés e a Arão, e a toda a congregação. E o puseram em guarda; porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer.” 

Diziam que sábado era sagrado e criaram limitações, mas não sabia o que fazer caso alguém descumprisse as ordem. Afinal, toda lei tem que ter punição caso não for cumprida. Nesse caso, o que fazer com uma pessoa que descumpriu a “lei de sábado”.  Dessa forma, consultaram a Deus sobre o que fazer. “ Disse, pois, o SENHOR a Moisés: Certamente morrerá aquele homem; toda a congregação o apedrejará fora do arraial.Então toda a congregação o tirou para fora do arraial, e o apedrejaram, e morreu, como o SENHOR ordenara a Moisés”. Isso mesmo, Deus ordenou matar uma pessoa por que estava pegando lenha ao sábado. E novamente questiono. Quem deu essa ordem: o Homem ou Deus?

Quantas pessoas não morreram devido a essa ordem? Quantas pessoas ainda não morrem, tendo em vista que em muitos países essa lei ainda vigora.  Por falar em sábado, Jesus “descumpriu” essa lei, ao curar um paralítico no sábado, como comprova em Marcos 2. “E os fariseus lhe disseram: Vês? Por que fazem no sábado o que não é lícito?”. Cristo responde: “... O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” 

 Em Lucas 13: 10-17 : “Certo sábado, Jesus estava ensinando numa sinagoga. E chegou ali uma mulher que fazia dezoito anos que estava doente, por causa de um espírito mau. Ela andava encurvada e não conseguia se endireitar. Quando Jesus a viu, ele a chamou e disse:- Mulher, você está curada ... Mas o chefe da sinagoga ficou zangado porque Jesus havia feito uma cura no sábado. Por isso disse ao povo: Há seis dias para trabalhar. Pois venham nesses dias para serem curados, mas, no sábado, não! 
Então o Senhor respondeu:- Hipócritas! No sábado, qualquer um de vocês vai à estrebaria e desamarra o seu boi ou o seu jumento a fim de levá-lo para beber água. E agora está aqui uma descendente de Abraão que Satanás prendeu durante dezoito anos. Por que é que no sábado ela não devia ficar livre dessa doença? Os inimigos de Jesus ficaram envergonhados com essa resposta, mas toda a multidão ficou alegre com as coisas maravilhosas que ele fazia.” 

Jesus provoca uma mudança em relação ao sábado, que deixa de ser sagrado e passa a ser um dia normal. Poderia citar outras passagens, mas vou me ater a apenas essas. Afinal, comprovam que  Jesus veio propor uma mudança de comportamento, revendo alguns conceitos, leis, crenças... .

A partir da vinda de Jesus  mudamos e para melhor. Automaticamente, mudou também a religião, surgindo o Cristianismo. Mudou também a visão de Deus. Pode parecer blasfêmia, mas Deus mudou. Para comprovar o que estou dizendo faço uma comparação entre o Deus do Antigo Testamento e do Novo Testamento.

O Deus do Antigo Testamento é um Senhor severo  que não perdoa, que  mata, conforme fez com no Dilúvio -  Gênesis 6-1 –, a destruição das Cidades de Sodoma e Gomorra – Gênises 19 – e  dá  o poder Davi derrotar, matar e arrancar a cabeça do  gigante Golias -  Samuel 17. Além de outras passagens que mostram um Deus cruel e sanguinário. Deus de apenas um povo.

O Deus do Novo Testamento é um Pai bondoso, misericordioso, amoroso. Que envia seu filho, para muitos, o próprio Deus que veio a terra para morrer por nós.   Um Deus que perdoa. Deus de todos os povos.

Como vimos, a vinda de Jesus provoca uma mudança na humanidade, na religião e em Deus. E essa mudança não para com a morte de Jesus, pelo contrário, ela continua.  E a cada vez que mudamos, automaticamente, mudamos  a humanidade, a religião e Deus. Porém, muitos não aceitam essas mudanças. E seguem os mesmos erros daqueles que crucificaram Jesus,

Quanto de nós hoje não aceitamos as mudanças? As novas religiões? As novas visões de mundo? Os novos textos? Dizemos que não pode haver mudanças e que o está escrito não pode ser mudado. Não pode ser acrescentando nada.

Agimos com os Doutores da Lei, que se achavam os Donos da Verdade, ao ponto de querer julgar as pessoas, crucificando aqueles que pensam o contrário. A crucificação de hoje é dos pensamentos. Mas que morrem e são  ressuscitado  e nos mostra que o mundo mudou, porém, as pessoas ainda continuam cometendo os mesmos erros do passado, perseguindo a boa nova. A mudança.

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