domingo, 22 de agosto de 2010

Revenda X Emprego

Meu último artigo, escrevi sobre o Comércio Virtual x Comércio Local. Tratei da questão do avanço tecnológico e a compra pela rede Mundial de Computadores, a Internet, inferindo sobre as conseqüências no Comércio das pequenas cidades, com repercussão negativa no nível dos empregos.

Num ambiente de desemprego num mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo, o serviço autônomo vem crescendo. As grandes empresas, principalmente de cosméticos, estão investindo alto, entraram nesse mercado transformando os trabalhadores autônomos em
revendedores.

À primeira vista pode-se avaliar ser um bom negócio para o país, pois de certa forma gera renda. Mas se fizermos uma leitura mais atenta, podemos constatar que essa é uma estrada de via única e que beneficia as empresas. Afinal, contratando revendedores, que não tem vínculo empregatício algum com essas empresas. As mesmas, ficam isentas do recolhimento das obrigações trabalhistas com os salários, 13º, férias, Fundo de Garantia, Previdência, maternidade etc.

No artigo anterior,mostrei que as lojas vêm sendo substituídas pelas lojas virtuais (sites), que funcionam 24 horas, no caso das revendas, as lojas são substituídas pelas casas dos revendedores, que são transformadas em lojas, lojas onde se expõem os produtos das empresas, sem custo de aluguel, água, luz, telefone, IPTU.

Um negócio da China. Despesas com mão de obra zero e vendas vultosas. Com Revendedores espalhados pelos quatros cantos da cidade, esse tipo de mercado não aceita concorrentes, a não ser que usem a mesma tática. Nada de loja e empregos, apenas “colaboradores”.

O resultado para a economia da cidade é comércio local fraco e o povo desempregado. Um antigo ditado liberal define bem essa situação: “Quanto pior, melhor”. Com um exército de desempregados, fica mais fácil explorar.

Se continuarmos dessa forma, com grandes empresários investindo em sites e em revendedores, além dos Sem Terra, teremos os Sem Lojas e o avanço no índice dos Sem Empregos.

As poucas lojas que existirão serão os grandes magazines que pra resistir às lógicas do mercado virtual vem se adaptando, através da prática de fusões. Afinal, se não pode com o inimigo se junte a ele rumo à monopolização do mercado. E, não havendo concorrência aprofunda-se, em última análise, a concentração de renda.

O mercado de revenda autônoma significa um atraso para todos, comércio local, povo e trabalhadores que veem esvair seus Direitos, conquistados com muita luta. Vale lembrar que essas empresas são milionárias. Deveriam gerar empregos e não apenas serviços. Muitas delas usam o discurso preocupação ambiental, por outro lado não tem nenhuma preocupação social.

Pelo contrário, aproveitam os problemas sociais para explorar a classe dos trabalhadores, transformados em revendedores.

Investir em revendedores é mais uma tática do novo liberalismo que tem como início meio e fim a conquista dos altos lucros com custos mínimos. E a lógica do Capital é aquela que preceitua que as pessoas são pobres por opção e que a revenda de produtos está aí, bastando a cada um vender, vender, vender. Se não vender não ganha. Não come. Não vive.

Vale destacar, que o presidente de umas dessas empresas, concorre ao cargo de vice-presidente do Brasil. Naturalmente. Caso a sua chapa presidencial seja vencedora nas eleições, colocará em prática o que já vem fazendo há muitos anos em sua empresa. Não investirá no social e no emprego. Investirá na conquista de mais revendedores e na exploração.

Um bom conselho: avalie bem antes de votar. Procure saber quem são os candidatos e quem está ao lado deles. Não vote em pessoas, vote em projetos. Não venda e nem Revenda seu voto.

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