terça-feira, 14 de setembro de 2010

Amianto pode matar mais de 1 milhão

"Mina de amianto"

Especialistas em saúde alertam para um grande aumento no número de mortes nas
próximas duas décadas devido ao uso do amianto pela indústria da construção civil,
sobretudo nos países em desenvolvimento.

Uma investigação conjunta da BBC e do Consórcio de Jornalistas Investigativos revelou
que mais de um milhão de pessoas podem morrer até 2030 devido a doenças ligadas à
substância.

Com um consumo de amianto 50 vezes maior do que nos Estados Unidos, o Brasil é o
quinto maior consumidor do produto em uma lista liderada por China, Índia e Rússia.

O amianto é uma fibra natural presente em minas. A substância, que é barata e resistente
ao calor e ao fogo, é misturada ao cimento para construção de telhas e pisos.

No entanto, o amianto, que é proibido ou de uso restrito em 52 países, solta fragmentos
microscópicos no ar que podem provocar diversas doenças pulmonares quando inaladas,
inclusive alguns tipos de câncer.

Amianto branco

A investigação conjunta do Consórcio de Jornalistas Investigativos e da BBC revelou
que a produção de amianto continua na ordem dos dois milhões de toneladas.

A indústria do amianto ainda movimenta bilhões de dólares, sobretudo com exportações
para países em desenvolvimento, onde as leis de proteção e a fiscalização são mais
brandas.

Apesar da proibição e restrição ao uso, uma variação da substância conhecida como
amianto branco é produzida e exportada para diversos países.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo o amianto branco pode provocar
câncer.

"Amianto"

Alguns cientistas temem que a disseminação do amianto branco possa prolongar uma
epidemia de doenças relacionadas à substância.

"Minha visão pessoal é de que os riscos são extremamente altos. Eles são tão altos
quanto qualquer outra substância cancerígena que vimos, com exceção, talvez, do
cigarro", afirma Vincent Cogliano, cientista da Agência Internacional de Pesquisa sobre
Câncer da OMS.

Segundo a OMS, 125 milhões de pessoas convivem com amianto no trabalho. A
Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 100 mil trabalhadores morram
por ano devido a doenças relacionadas ao amianto.

Nos Estados Unidos, a indústria da construção civil não usa mais nenhum tipo de
amianto. No entanto, o número de mortes devido à substância está chegando ao ápice,
devido ao longo período em que a doença ainda pode se manifestar.

No México, mais de 2 mil empresas usam o amianto em diversos produtos, como freios,
aquecedores, tetos, canos e cabos. Mais de 8 mil trabalhadores têm contato direto com a
substância.

Doença

O Canadá é um dos maiores produtores mundiais de amianto branco e exporta o
produto, mas proíbe seu uso no país.

Na província de Quebec, Bernard Coulombe, que é proprietário de uma mina, afirma
que o amianto branco exportado por ele é vendido "exclusivamente para consumidores
finais que possuem os mesmos padrões de higiene industrial do Canadá". Ele afirma que
sua indústria possui amparo legal para exportar o produto.

Não muito longe dali, a pintora amadora Janice Tomkins luta contra mesothelioma, uma
doença rara ligada ao amianto. Ela acredita ter contraído a doença há vários anos devido
à exposição ao amianto azul e marrom, variações hoje proibidas internacionalmente.

Ela luta para impedir que o governo do Quebec libere um financiamento de US$ 56
milhões para que a mina próxima a sua casa possa expandir a produção, de olho em
mercados emergentes como a Índia.

BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem
autorização por escrito da BBC.

Nenhum comentário: