Grito dos Excluídos, o locutor oficial e o cavalo do Prefeito

Grito dos Excluídos, o locutor oficial e o cavalo do Prefeito

Paulo Lucio - Carteirinho

O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular criada por grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos. Sua mobilização é no sentido de denunciar o modelo político e econômico que concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social; tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome; e propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos.

Define-se como um conjunto de manifestações realizadas no Dia da Pátria, 7 de setembro, tentando chamar à atenção da sociedade para as condições de crescente exclusão social na sociedade brasileira. Não é um movimento nem uma campanha, mas um espaço de participação livre e popular, em que os próprios excluídos, junto com os movimentos e entidades que os defendem, trazem à luz o protesto oculto nos esconderijos da sociedade e, ao mesmo tempo, o anseio por mudanças.

O dia 7 de Setembro foi escolhido para as manifestações, tendo em vista que a idéia dos organizadores era aproveitar o Dia da Pátria para mostrar que não basta uma independência politicamente formal. A verdadeira independência passa pela soberania da nação. Um país soberano costura laços internacionais e implementa políticas públicas de forma autônoma e livre, não sob o constrangimento da dívida externa, por exemplo. Relações economicamente solidárias e justiça social são dois requisitos indispensáveis para uma verdadeira independência. Nada melhor que o dia 7 de setembro para refletir sobre a soberania nacional.

Para muitos, o Grito ousa perturbar o colorido da festa cívica. Esse ano, os “intrusos” ecoaram seu grito em 25 Estados, com exceção do Acre.

Em Cataguases, o Grito dos Excluídos foi um sucesso, contando com cerca de 70 pessoas de diversas entidades - destaco a participação do SindiUte, Sinpro, SinSerpu, Sindicato dos Correios, Sindicato dos Bancários, MST, Movimento Negro Dandara e o Brasilitude, membros da Igreja Católica, além dos partidos PSTU e PT, que contou com a presença do Vereador Vanderlei Pequeno e vários militantes.

Com direito a distribuição gratuita de 134 livros, realizada pelo professor Luciano Andrade e sua sócia Luana, proprietários do Sebo Aluados (Loja de venda de livros usados que fica no Edifício Rotary), como forma de comemorar o aniversário da cidade. Essa forma singela de presentear os cataguasenses indica também o quanto nossa cidade precisa incentivar a prática de leitura entre os cidadãos e cidadãs.

O Grito dos Excluídos teve com tema principal a luta dos professores. Contanto com faixas e cartazes de protestos, dando um novo brilho para os festejos. Por falar em brilho, não poderia deixar de registrar o desrespeito do o apresentador do desfile, Souza Mendonça, ao não registrar a passagem dos manifestantes. Talvez tenha se esquecido de seu slogan: “Não há princípio de honra se oculta estiver a verdade”.

Mas como diz o ditado: “a vingança vem a cavalo”. Quando a manifestação estava bem na frente do Palanque do oficial, o locutor cometeu uma grande gafe, noticiando a ausência do cavalo do prefeito no meio do desfile dos “Cavaleiros do Bem”.

- “Onde se viu o cavalo do comissário perder a corrida”

As faixas, cartazes e bandeiras o locutor não viu, pois só tinha olhos para o prefeito, e a ausência de seu cavalo. Não cumpriu a contento o seu contrato com a prefeitura. O dinheiro que pagará por seus serviços é de todos nós? Por que a discriminação? Ao não noticiar a manifestação, fez juz ao nome: O Grito dos Excluídos.