Paulo
Lucio - Carteirinho
Coloquei a
cara a tapa
Mas ao invés
de um tapa
Fui
atingido por um
tiro de garrucha velha e enferrujada
Pelas costas
Disparado
por um ditador
A longa
distância
Fiquei em
coma por um dia
E agora em
observação
Por tempo
indeterminado
A bala penetrou na minha cabeça
E percorre
o meu corpo
Acertou o cérebro
Matando meus
pensamentos
Mas não a minha forma de pensar
Perfurou o
tímpano
Afetando a audição
Mas não me
impede de escutar a voz interior
Que diz: Não
desista!
Atingiu a retina
Impedindo a visão
Mas não a forma
que vejo o mundo
Passou pelo aparelho respiratório
Prejudicando
a respiração
Mas não me
impede de respirar
novos ares
Seguiu
para a laringe
Silenciando
minha voz
Mas não a
vontade de gritar: Liberdade!
Dirigiu para a coluna
Paralisando meu corpo
Mas não me impede de movimentar minhas idéias
Circulou pelo pulmão
Retirando o ar
Mas não o ar de esperança
Chegou ao coração
Causando um estrago
Mas não o impede
de bater mais forte
Marchou para o fígado
Ocasionando ressaca
moral
Mas não me
impede de tomar um porre de felicidade
Prosseguiu
pelo pâncreas
Produzindo diabete
Mas não me
impede de ser uma pessoa mais doce
Visitou os rins
Juntando com as pedras no meu caminho
Mas não me impede de expeli-las
Moveu para o estômago
Deixando de barriga cheia
Mas não me tirou a fome de lutar
Avançou para intestino
Junto com uma grande massa podre
Mas não me faz cagar de medo
Por fim parou no ânus
Que disparou um tiro
Saindo pela culatra
Caindo na veia sanguínea
Caminhando para a perna
Parando no pé
Onde ficará alojada
Foi um tiro no pé
Que não me impedirá de
caminhar
Para onde minha ideologia me guiar.
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