domingo, 24 de julho de 2011

“Pai! Afasta de mim esse cálice.”


Venho assistindo – e recomendo - a Novela Amor e Revolução, da Emissora SBT, que começa por volta das 22:30. A novela levanta discussões sobre as mudanças comportamentais na década de 60: o feminismo, o aborto, o movimento hippie. Mostrando passo a passo como foram o Golpe de 64, a Ditadura Militar e a Revolução.

Baseada em fatos reais, conta nos mínimos detalhes como foram os anos de chumbos. Não ocultando nomes e muito menos as cenas de violências, torturas, perseguições, exílio, mortes, guerrilha – onde uma parte da filmagem foi gravada em Cuba, na Sierra Maestra, que serviu naquela época de local treinamento de guerrilheiros.

No final de cada capítulo acontecem depoimentos de pessoas que vivenciaram aquela época. Destaco o depoimento do petista Zé Dirceu, que relembrou os tempos em que foi preso pela ditadura por militar na UNE (União Nacional dos Estudantes) – que em 64 teve seu prédio incendiado com estudantes dentro - e o tratamento que recebeu do DOPS (Departamento de Ordem Social e Política) durante o governo militar. E o depoimento de Carlos F Paixão Araújo – ex marido da Presidenta Dilma – que relembrou os tempos de luta, dizendo que “ tem orgulho de ter participado dessa luta, do lado do povo contra a ditadura”.

E fica uma dúvida? Será que teremos o depoimento da presidenta Dilma? Afinal, Dilma também foi presa e torturada. Não percam os próximos capítulos da novela, que é muito mais que uma novela de época. Uma verdadeira aula de história, mostrando o que sempre foi ocultado da história política brasileira.

Falando em política e de novela, aproveito para comentar sobre a Câmara de Cataguases, que também é uma novela: Beleza Pura. Novela que se encerra ano que vem. Será que teremos final feliz? Depois da aprovação do Contrato da Copasa da forma que foi feita, sem permitir que o povo participasse - sem democracia- duvido. Quem votou favorável não vai passar no vale apena ver de novo.

O diretor da novela da Câmara, que não é vereador, vem intervindo nos capítulos mudando o rumo da democracia. A última intervenção foi no projeto Ficha Limpa, a nível do Executivo e do Legislativo, que não foi aprovado, tendo em vista que recebeu parecer contrário, dizendo que não é atributo dos vereadores. Com isso, foi criado outro projeto. Esse valendo só a nível do Legislativo. Ou seja, o Executivo está fora. Será que não precisa?

Não posso acreditar que um projeto de interesse popular – inclusive com abaixo assinado de uma parte da população- não seja atributo dos vereadores. Vale destacar que o mesmo projeto foi aprovado por outras Câmaras. Será que só em Cataguases o Ficha Limpa não é atributo dos Vereadores? Se não é atributo dos Vereadores é atributo de quem então? Do Prefeito? Vale lembrar que o Prefeito, em entrevista a uma rádio local, manifestou favorável ao projeto, inclusive citou que sancionaria o projeto por parte do Legislativo. Por que então o projeto não foi aprovado? Será realmente necessário criar outro projeto, com o mesmo texto, porém vindo do Executivo? Afinal de contas, para que servem os vereadores? Será que só podem criar projetos como o Dia do Fluminense? Dia do Karateca? A Semana do Cataguasense Ausente? Apenas fazer moções de aplausos? De Congratulações? De pesar?

Poderiam fazer uma moção de pesar para a nossa democracia e para nossa Câmara. Democracia essa que permite que vereadores faltem às sessões. Cheguem atrasados. Vão embora antes delas terminarem. Não aprovam o Ficha Limpa. E não acontece nada! Permite intervenções de terceiros dentro das Sessões. Até quando nossa democracia vai permitir essas intervenções?

Encerro esse artigo ao som da música Cálice, de Chico Buarque – que faz parte da trilha sonora da Novela Amor e Revolução – que foi tema de inspiração daqueles que lutaram contra a tentativa de opressão e contra aqueles que tentaram calar a democracia e a voz do povo. Espero que a voz que interfere na Câmara de Vereadores “cálice”. E que seja ouvida a voz do Povo.

“Pai! Afasta de mim esse cálice. “Pai! Afasta de mim esse cálice.

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