Anderson Fuscão
“Para quem começou tarde demais, cada conquista tem um valor maior”
Um dos trabalhos sociais mais nobres de Cataguases tem como palco o Sistema Prisional instalado em nosso município. Tendo como uma equipe técnica altamente qualificada no serviço social e humano, agentes penitenciários, Polícia Militar, militantes do Movimento Social, parlamentares da Câmara Municipal e o Sr. Carlos que anteriormente foi diretor deste presídio.
Peço um tempo para deixar registrado nesse texto o trabalho histórico desenvolvido por este último em nossa cidade. Não há precedentes. Senhor Carlos, um homem de bem, mostrou à sociedade cataguasense que é possível e necessário que todos convivamos com os erros dos outros e que ninguém é irrecuperável. Enquanto esteve à frente da Diretoria do Presídio, travou interlocução com as escolas municipais, com a Câmara, com os comerciantes e o resultado foi a construção de uma estrutura importante de promoção da cidadania no nosso presídio: as salas de aula com cursos regulares de ensino fundamental, ligados à Escola Polivalente; um braço do EJA – Escola para Jovens e Adultos, do governo federal em parceria com o município; um espaço para os ensaios do Coral Recomeço, do qual falarei mais adiante; e o recanto do artesanato, destinado a capacitar os recuperandos. Isso sem contar que dezenas de apenados trabalham durante o dia na manutenção da horta e de outras estruturas produtivas ali existentes. É bom deixar registrado que foi com o apoio do senhor Carlos, seguindo idéia do vereador Vanderlei Pequeno, que o município firmou convênio com o governo do estado e hoje a comunidade convive pacificamente com vários recuperandos que prestam serviços de limpeza a Cataguases. Enfim, perdemos um homem de grande estatura moral, um humanista. Uma pena.
Fica aqui também o crédito para a Irmã Bethe, essa aguerrida mulher que tem entregado a sua vida pela melhor qualidade de vida daqueles que convivem com o peso da perda da liberdade. É ela que tem articulado várias visitas importantes ao presídio de Cataguases e colocou na ordem do dia a questão da necessidade de se preservar a dignidade e vários direitos dos recuperandos. O ex-ministro Nilmário Miranda, atendendo ao seu chamado, proferiu importante palestra no estabelecimento e deixou como recado principal que aquele que é privado de sua liberdade não perde os seus direitos básicos como o do acesso ao estudo, à informação, ao esporte. Perde apenas a liberdade de ir e vir.
Outro trabalho sensacional nesta linha de pensamento e atuação que vem transcorrendo neste novo capítulo da história do sistema prisional é o Coral que é coordenado pelos senhores Wanderson, Daniel e Eli que acumulam as funções de artistas e agentes de segurança com galhardia. Sob olhares emocionados dos familiares, aqueles que um dia hão de retornar para o convívio social, tem arrancado lágrimas por onde passam destilando suas simples e tocantes canções. Neste artigo, oferto minhas congratulações aos parlamentares da Câmara Municipal de Cataguases, que por duas ocasiões relevantes, abriu as portas da “Casa do Povo” para que os presentes às sessões solenes, pudessem assistir os garotos e garotas do Coral Recomeço.
Cada detento do presídio tem uma historia de vida, tem uma família, tem uma pena de acordo com a lei e tem o direito de recomeçar sua vida com cidadania e dignidade.
Anderson Fuscão
Presidente Fundador do Movimento Negro Dandara
Coordenador da Pastoral da Criança do Bairro Ana Carrara
2° Suplente de vereador do PT-Cataguases.
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