domingo, 1 de maio de 2022

Violência!?

 Recentemente, fui vítima de um assalto em Leopoldina. Pensei muito antes de tornar público   o fato, esperei a raiva momentânea passar, de modo não escrever no calor do momento, tomando cuidado com as palavras, de modo a não criar um alarmismo, alimentando o sentimento de aumento da violência, o qual eu não concordo. Mesmo sendo mais uma vítima, além de saber de vários outros casos, tenho comigo que a sociedade está menos violenta.

 
Vale destacar que sou formado em História e estudei diversos períodos onde posso afirmar que a sociedade era muito mais violenta. Vou citar alguns fatos históricos que comprovam isso. A escravidão negra/indígena, que no Brasil durou cerca de 400 anos, onde milhões de pessoas sofreram violências absurdas.  O nazismo que assassinou milhões de judeus, negros, ciganos, homossexuais, comunistas e quem era contra o regime. A ditadura militar, não só no Brasil, mas em toda a América, onde várias pessoas foram mortas e torturadas pelo Estado, inclusive,  recentemente, saiu um áudio inédito da tortura de uma mulher grávida que acabou abortando o bebê dentro das instalações do Estado,  após receber choques elétricos no aparelho genital, feito por quem se diz “cidadão de bem”,  que defende "Deus e a família”, inclusive contra aborto e a favor da vida.   
 
Acrescento também: Crucificação de Cristo, esquartejamento de Tiradentes, genocídio de Canudos, Cruzadas,  1ª  Guerra Mundial, 2ª  Guerra Mundial... .
 
Como podem ver, o mundo sempre foi violento e hoje por incrível que pareça está menos, tendo em vista que a sociedade não tolera a violência. Ai dos pais que derem palmadas nos seus filhos, do marido que levanta a mão e até mesmo a voz contra a mulher, assim como aqueles que maltratam os animais. 
 
Apesar de termos evoluídos, estamos longe de um mundo sem violência. Infelizmente, a violência continua a existir e eu fui mais uma vítima. Falando do meu caso, fui abordado por uma pessoa quando retornava para casa, na madrugada, onde roubaram meu celular, além do cartão do crédito e a carteira de motorista que estavam juntos.
 
Sei que não podemos colocar a culpa na vítima, mas dei bobeira demais andando de madrugada. Infelizmente, mesmo a Constituição nos garantido o direito de ir e vir, ele não está garantido, devido à violência. Como carioca sei muito bem disso. Sou da época em que parte da cidade foi dividida entre Lado A e Lado B, onde quem era de uma área não podia frequentar outra.
 
Depois vieram as facções criminosas: Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando (TC) e Amigos dos Amigos (ADA) e agora Milícias; onde quem é de uma área não pode frequentar outra. E quem mora numa certa área tem que conhecer as regras impostas na comunidade, por exemplo, em áreas do Terceiro Comando  ou Amigos dos Amigos não é bom vestir vermelho, devido ser considerado cor do Comando Vermelho. Até mesmo gírias, a palavra “amigo” não é bom falar em área do Comando Vermelho, pois é associada a facção Amigos dos Amigos. 

Não poderia deixar de citar a divisão entre torcidas organizadas, onde algumas áreas são redutos de algumas torcidas e não é aconselhado você usar camisa de outros times.


Cresci no Rio tendo que saber onde podia ou não ir, além de como me vestir e falar. Aqui em Minas, até então, pensei que poderia viver de forma mais livre, mas percebo que não, tendo em vista que a violência está cada vez mais próxima de nós, mas volto a repetir, o mundo não está mais violento, porém  vivemos um momento onde a violência vem acontecendo com mais frequência, principalmente por causa da crise econômica e as drogas.
 
A crise econômica aumentou o número de desempregados. Para piorar, os preços das coisas aumentaram absurdamente, ficando difícil até para quem tem emprego, imagina para quem não tem. Como vivemos numa sociedade consumista, muitos acabam usando da violência como meio de conseguir dinheiro.
 
Mas o maior problema são as drogas, principalmente o crack.  Vemos diversas pessoas andando pelas ruas como zumbis, onde alguns pontos da cidade estão virando uma espécie de cracolândia, reunindo várias pessoas em busca de algo que possa reverter em drogas. Acredito que a pessoa que me roubou faça parte desse grupo de drogados, do qual não tenho raiva, não desejo seu mal, afinal, não defendo o “bandido bom é bandido morto”. Até porque, tenho casos na família, onde parentes e amigos, que são pessoas boas, trabalhadores, pais de família, mas que largaram tudo por causa da droga. Vagam pelas ruas em busca de alguns minutos de prazer, sendo pessoas irreconhecíveis. Por estarem fora de si, acabam se tornando pessoas perigosas, inclusive, agridem os próprios pais, filhos, esposas, irmãos... imagina então desconhecidos. Como rodam por todos os cantos, acabam criando a sensação de que a cidade está violenta, afinal, nunca se sabe onde essas pessoas estarão e o que farão. Dessa forma, exige de nós cautela.
 
Eu mesmo mudei meus hábitos. Não retorno mais a pé para casa certa hora da noite e madrugada, levo só necessário, evito certos lugares e trajetos desertos. Além de ter reforçado a segurança em casa, pretendo em breve colocar câmera de segurança, até para ajudar a polícia.   
 
Além de nós, cabe ao setor público também fazer sua parte: implantação da Guarda Municipal, instalação de câmeras de segurança em alguns pontos da cidade, aumento da tropa policial, inclusive isso está para acontecer, tendo em vista a instalação do 68° Batalhão de Polícia na cidade. Por falar na polícia, iniciou em Cataguases a Patrulha da Madrugada, que acredito que deve ser implantando aqui também, talvez até já tenha e eu não sei.  
 
Além de reforçar a segurança, será preciso investir na rede de proteção social: hortas comunitárias, distribuição de cestas básicas, alimentos e roupas, aluguel social, acolhimento, tratamento de dependentes químicos. Mais do que nunca precisamos fortalecer as entidades filantrópicas: Igrejas, Grupo Levanta de Novo, Alcóolicos Anônimos, Lions Clube, Maçonaria, Rotary Clube.
 
Assim conseguiremos combater a violência, que insisto, está cada vez menor, mas existe e não podemos dar bobeira.



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