Cataguases
de qual JEITO?
Esse
tema foi tratado na última edição desse jornal pelo escritor Mauro Sérgio
Fernandes, residente da capital do Brasil, que com seu binóculo de longa
distância acompanha os fatos de nossa cidade, contribuindo com suas opiniões o
seu JEITO de pensar. Com destaque para
duas de suas sugestões: o Fórum
Suprapartidário de Planejamento Estratégico e o ENCINE – Encontro Nacional de
Cinema.
Eu,
pisando em solo nosso, tenho uma opinião
e outro JEITO de pensar. E encontro
outras pessoas com outras opiniões e JEITO de pensar. Mas por que estamos falando de
JEITO?
“Cataguases
do seu JEITO” foi o slogan da campanha do candidato eleito. Um marketing político que deu certo. Espero
que não seja igual o “Foi pra valer”, que
para mais de 51% dos eleitores não valeu de nada. Para o restante até valeu, mas não foi pra valer.
Em
relação ao marketing político, papel e discurso aceitam tudo. O difícil é
colocar em prática. Principalmente, quando cada um tem um JEITO de pensar. Como Mauro destacou, “ do JEITO deles ou do nosso JEITO?
Do meu ou do seu JEITO? Ou – quem sabe –“do JEITINHO” brasileiro? “. Como não tem
como colocar em prática todos os JEITOS, fica a dúvida, Cataguases de
qual JEITO?
Com
tantos JEITOS, cada um querendo dar sua piruada, acaba complicando. Cito como
exemplo a escolha do secretário (a) de
educação, onde no calor da eleição o candidato arrumou um JEITO de conseguir
votos e apoio da categoria da educação, prometendo que a própria categoria
escolheria o secretário (a), ou melhor,
indicariam três nomes e o prefeito escolheria. O que me faz lembrar a frase de Sain-Jonh Perse, que diz:“ A democracia, mais do que qualquer outro regime, exige o
exercício da autoridade”. Ou seja, a palavra final será do candidato e não da categoria.
A
princípio um JEITO interessante,
“democrático” e revolucionário. Mas vale ressaltar que essa proposta foi
voltada apenas para os servidores da rede Municipal, excluindo os profissionais
da rede Estadual, Federal, Particular e
outros que atuam na área da educação. Isso é democrático? É
revolucionário?
Tenho
minhas críticas em relação a essa proposta. Onde entendo que educação não deve ser visto apenas como uma questão de categoria. Muito
menos uma questão eleitoreira, a fim de angariar votos. Destaco também que essa
proposta é prejudicial a luta de classe, lembrando que o prefeito será o patrão
da categoria, onde concerteza haverá
conflitos de interesses: patrão x trabalhador. E tal proposta atrela categoria
a governo. Lembrando que essa união não
traz boas recordações para Cataguases, mais recente – com o professor- e no
passado – com a ex-secretária de educação.
Vale destacar que muitos
servidores, inclusive membros do sindicato, foram contrários a essa proposta. Mas foram votos
vencidos.
No
meio JEITO de pensar, cabe a categoria esquecer nomeação e cargos e se mobilizar para cobrar seus direitos, a começar pelo pagamento
do piso, além das condições de trabalho, revisão do Plano de Carreira,
valorização do profissionalismo... E não realizar vontades do prefeito eleito.
Destaco
também que, ao fazer tal proposta o
candidato abriu mão de nomear alguém de sua confiança, ficando com o rabo preso
com a categoria, correndo o risco de indicar alguém que não apoiou, do
grupo adversário e que não venha agradar sua equipe, partido, apoiadores e até mesmo o prefeito. Sem contar que o secretário deve ter uma boa
sinergia com prefeito, vice-prefeito, outras secretarias e setores. Dessa forma, a nomeação deveria ser
exclusividade do prefeito e de sua equipe. E não da categoria.
Esse fato mostra um pouco da imaturidade política do
candidato, que não se atentou para essas questões. Ao fazer uso dessa promessa o candidato imaginou
de um JEITO, mas as coisas não saíram do seu JEITO. Agora não tem mais JEITO de
voltar atrás, terá que cumprir a promessa. E para piorar, a categoria não fez
do JEITO que o candidato sugeriu. Ao
invés de indicar três nomes, entregou
uma lista com treze nomes. Dez a mais do
combinado. E para piorar mais ainda, muitos
servidores não concordaram com o JEITO que foi realizada essa lista, alegando
não ter tomado conhecimento da assembléia que decidiu a lista. Com isso, o prefeito eleito teve que mudar o
JEITO novamente. E uma nova lista
surgiu.
Lembrando que quanto mais nomes tiver,
maior a facilidade de prevalecer uma decisão política
e não da categoria. Há inclusive especulações de que esse nome já está definido. A cada hora
cada um fala uma coisa. E quanto mais
tempo demorar esse processo maior será o desgaste político, tanto para a categoria
quanto para o prefeito eleito.
Há
quem diga que estão usando a categoria. Outros de que não passa de um teatro, um espetáculo. Por falar em espetáculo, de acordo com James Cook: “Um
homem que quer reger a orquestra precisa dar as costas à platéia.” Cabe ao maestro escolher bom
músicos, ter os instrumentos certos e tocar a música que está ensaiada. Dar ouvidos a platéia acaba tocando uma música
que não conhece, que não ensaiou, tendo músicos que não conhecem o instrumento que vai tocar. Do
contrário, não ouvirá aplausos, mas sim vaias.
Com tantos JEITOS, vai ser difícil saber qual
JEITO vai dar JEITO em Cataguases!
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