quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O caso Bolinha e o discurso do ódio!

O caso Bolinha e o discurso do ódio!

Paulo Lucio – Carteirinho

No dia 12 de Outubro comemoramos o Dia das Crianças. Em Leopoldina não temos muito o que comemorar nessa data. Tendo em vista os últimos acontecimentos. No dia 10 de Setembro uma criança de 8 anos foi estuprada pelo próprio tio. No dia 26, a menina Érika de apenas 4 anos foi estuprada e morta de forma cruel. Esses dois crimes revoltaram a população.

É inadmissível qualquer tipo de violência. Ainda mais com crianças. Seres tão puros e inocentes. Como pai de dois filhos - quase que da mesma idade das crianças violentadas- me solidarizo com as família e imagino a dor eles estão sentindo.

Quando recebi essas notícias confesso que fui tomado por um sentimento de raiva. A raiva é um sentimento normal. Até Cristo teve raiva. Como relata João 2: 15 na passagem que trata da expulsão dos comerciantes no Templo. Cristo o homem que pregou a paz, o perdão, o amor, no ensinou a oferecer a outra faça pegou o chicote e expulsou os comerciantes. Se até Cristo teve raiva imagina nós meros mortais.

A raiva é normal quando é quando passageira. A pessoa sentir raiva naquele momento. Passado o momento ela volta ao normal. Caso o sentimento de raiva persita se transforma em ódio. O ódio não é um sentimento normal. É disso que venho tratar nesse texto. O discurso do ódio.

Venho percebendo o aumento do discurso do ódio. Nas redes sociais vários comentários incentivando o mal. O mesmo se repete nas ruas e mídias. Fiquei abismado quando passei em frente a uma igreja – que não vem ao caso falar qual – e ouvi “cristãos” defendendo a tortura, pena de morte e violência. Serão esses os ensinamentos de Cristo?

Mas o que mais me assustou foi ouvir de algumas crianças esses mesmos discursos. Uma fala ficará para sempre na minha memória. Uma criança conversando com seus coleguinhas disse: “tem que pegar a cabeça dele, arrancar e bater uma Bolinha (jogar futebol)”.

Olha o quanto o discurso do ódio é preocupante. Será esse tipo de pensamento que queremos para nossas crianças? Acredito que não! Dessa forma, devemos abandonar esse discurso de ódio e retomar o do perdão, amor e paz. Do contrário, estaremos incentivando cada vez mais criminosos. Cada vez mais pessoas desumanas. Como diz o ditado: violência gera violência.

Deixo claro que não estou defendendo o Bolinha ou outro tipo de criminoso. Pelo contrário. Quero que eles paguem pelos crimes cometidos. Sendo julgado pela justiça e não por justiceiros de plantão.

Fazer justiça com as próprias mãos não nos torna uma pessoa melhor. Não podemos achar que o justiceiro é herói. Pelo contrário, é também criminoso. Afinal, estará cometendo um crime. Não se combate crime cometendo outro crime.

Fazendo isso estaremos regredindo. O que vem seguida? O retorno das crucificações? Os apedrejamentos? O uso da guilhotina? Os enforcamentos? Fuzilamentos?
É isso que queremos?

Finalizo citando o conto xamânico: Os Lobos.

“Numa noite, um velho índio Cherokee contou ao seu neto sobre a batalha que acontece no interior das pessoas. Ele disse:
- A batalha acontece entre dois lobos dentro de cada um de nós. Um é o Mal. É raiva, inveja, ciúmes, presunção, tristeza, ódio, ganância, arrogância, autopiedade, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho, superioridade e ego.
O outro é o Bem. É alegria, paz. Amor, esperança, serenidade, humildade, gentileza, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto pensou sobre isso por um minuto e então perguntou ao avô:
- E qual é o vencedor?
E o velho Cherokee simplesmente respondeu:
- Aquele que você alimentar...”

Qual lobo estamos alimentando? O lobo mal ou o lobo bom?

domingo, 20 de setembro de 2015

PRB!?

PRB!?

Manobras políticas, como tomadas de partidos e dissidência de grupos, ajudaram a criar uma nova frente política, encabeçada pelo PRB.

O PRB até então não tinha tradição na política local. Era um partido acessório, voltado para ampliar legendas nas coligações para vereador e garantir alguns segundos a mais nas propagandas políticas das candidaturas a prefeito.

PRB!?

Manobras políticas, como tomadas de partidos e dissidência de grupos, ajudaram a criar uma nova frente política, encabeçada pelo PRB.

O PRB até então não tinha tradição na política local. Era um partido acessório, voltado para ampliar legendas nas coligações para vereador e garantir alguns segundos a mais nas propagandas políticas das candidaturas a prefeito.

O partido atuava como ator coadjuvante. Caso se confirme a conjuntura atual, na próxima eleição o partido poderá ser um dos atores principais. Tendo em vista que lançou pré-candidatura a prefeito. Sendo encabeçada por um empresário local.

Esse empresário é um nome ainda desconhecido no meio político. Visando apresentar o nome dele a população, o grupo vem ganhando as mídias. Porém, de forma desastrosas. Como a divulgação de uma “Nota Oficial” do partido, lançando a pré-candidatura e ao mesmo tempo fazendo críticas ao atual governo e a gestão passada. A nota foi desmentida horas depois pelo presidente do PRB, dizendo que essa nota era falsa e que somente ele responde pelo partido.

A "Nota Oficial" criou um mal estrar no partido. A briga interna virou destaque em site, redes sociais e nos programas de rádios.

Outra tragédia foi a participação do grupo nos programas de rádios. Que mostrou falta de preparo. O pré-candidato evitou entrar em detalhes nos problemas, projetos e propostas para a cidade. Não falou nada com nada. Como diz o ditado: A primeira imagem é a que fica.

O grande problema do partido é a questão interna. A entrada de novos membros, sendo muitos deles inimigos declarados do ex-prefeito, vem tentando pautar o partido a tomar uma posição mais crítica. Acontece que o presidente do partido não quer briga com o ex-prefeito. Tendo em vista que é funcionário da Câmara, que é "controlada" pelo grupo do ex-prefeito.

A falta de independência financeira do presidente coloca em risco a candidatura do partido. Enquanto o presidente tiver relação com o grupo do ex-prefeito o partido terá brigas internas. Brigas internas tendem a criar dissidências, que poderão enfraquecer o partido.

Essas brigas internas colocam em dúvida o futuro do partido.

sábado, 19 de setembro de 2015

Salário do vereador!?

Paulo Lucio – Carteirinho

A crise econômica e política traz com ela um velho discurso a respeito do valor dos salários dos políticos. Em especial dos vereadores. Esse discurso ganha força com a aproximação do prazo que irá definir os salário do próximo mandato. A lei diz que os vereadores têm até 180 dias antes da eleição municipal para definirem os valores dos salários dos vereadores, do prefeito, do vice-prefeito e dos secretários.

Muitos vereadores evitam fazer esse debate no ano de eleição e acabam antecipando para o ano anterior da eleição. Ou seja, para esse ano. Caso os vereadores não apresentem nenhum projeto nesse sentido será aplicado o valor do mandato atual.

Sabendo disso, circula nas redes sociais um movimento que visa pressionar os vereadores para reduzirem os salários. O movimento foca apenas no salário dos vereadores, que virou o inimigo número um da sociedade. Os manifestantes não estão organizados. São vários grupos com várias propostas. Não tem um valor definido. Há inclusive por parte de alguns que os vereadores não tenham remuneração - como era no passado. A “grande maioria” defende que seja o mesmo valor do salário mínimo, que ano que vem será de R$ 865,00. Alguns propõem o mesmo valor do piso dos professores, em torno de R$ 1.900. Enquanto outros propõem o valor de R$ 970,00, se guiando de um movimento que iniciou em Santo Antônio da Plantina,no Paraná.

Para situar o leitor comentarei a respeito do caso de Santo Antônio da Plantina. Cidade com 40 mil habitantes, possui 9 vereadores que apresentaram um projeto para definir os salários do próximo mandato. Até aí não tem nada demais. Acontece que a projeto previa um aumento de 100%. O salário dos vereadores passaria de R$ 3.750,00 para R$ R$ 7.500,00. Essa proposta revoltou a muitos, em especial uma mulher que estava presente no dia da votação e bateu boca com os vereadores. Essa discussão foi filmada.
O vídeo foi parar na internet e diversos populares tiveram acessos. Revoltados, iniciaram um movimento não somente para impedir o aumento do salário, mas para diminuir os salários dos políticos da cidade. Pressionados, os vereadores acabaram não aprovando o projeto e ainda reduzindo o salário para R$ 970,00.

O caso de Santo Antônio da Plantina foi muito noticiado e comemorado. Inspirou diversos movimentos em muitas cidades Brasil a fora. Esses movimentos chegaram à nossa região. É o caso de Leopoldina e Cataguases, onde já começam circular nas redes sociais e nos bastidores políticos propostas para redução de salário, com direito a abaixo assinado.

Muito me preocupa esse tipo de movimento. Não que eu seja contra a redução dos gastos públicos. Pelo contrário, sou favorável. Inclusive, já organizei diversos movimentos nesse sentido. Por outro lado, sempre defendi que os políticos sejam remunerados. Sendo uma remuneração que não seja nem muito alta, nem tão baixa. Variando de acordo com o cargo e até mesmo o orçamento de cada cidade. Não tem lógica um vereador de São Paulo, a cidade mais rica e população do Brasil, com um orçamento na casa dos 50 bilhões, sendo a população acima de 11 milhões de habitantes, receber o mesmo valor que um vereador de Serra da Saudade/MG, menor cidade do Brasil, com apenas 850 habitantes, sendo o orçamento de apenas R$ 10 milhões. É com se o jogador do Flamengo ganhasse o mesmo salário que o jogador do Flamenguinho de Cataguases.

Não tem lógica também o cargo mais importante do Legislativo, que é o do vereador, receber menos que outros funcionários. Vale lembrar que na Câmara não tem só vereador. Tem assessores, porteiros, motoristas, secretárias, auxiliares de limpeza, técnicos, advogados, contadores... . Caso seja aprovada a redução do salário do vereador esses funcionários irão ganhar 2, 3, 4, 5.. vezes a mais que os vereadores. Aí fica a dúvida, vão reduzir os salários desses profissionais também? Sem contar que do outro lado da rua, no Executivo temos altos salários: prefeito, vice-prefeito, secretários, comissionados e funcionários de carreira. Esses salários também serão reduzidos? Ou somente os vereadores que terão salários reduzidos?

Esse campanha de redução dos salários dos vereadores para um valor mínimo ou até mesmo nada vai de contra uma conquista histórica dos trabalhadores. Conforme citei anteriormente, no passado não havia remuneração. Com isso, apenas uma elite ocupava os cargos políticos. Valer lembrar que naquela época a carga horária de trabalho era de 12, 14, 16 horas por dia. Como um trabalhador atuaria na política se ele não tinha tempo e o cargo não era remunerado?

Até mesmo nos dias de hoje, quando a carga horária é de 8 horas fica complicado. Para comprovar isso faço algumas contas. O trabalhador tem 8 horas de trabalho por dia, podendo fazer mais 2 horas extras se o patrão assim desejar. O horário de almoço varia entre 1 a 2 horas. Acrescentando o acordar, vestir, café da manhã, ir e vir do trabalho. Lá se foram 12 a 14 horas do dia. Vamos arredondar para 13 horas. O dia tem 24 horas. 13 horas o trabalho leva. Restaram 11 horas. Os médicos aconselham uma noite de sono de 8 horas, vamos considerar 7 horas. Ou seja, 20 horas se foram. Sobraram 4 horas. Nessas 4 horas o trabalhador tem que tomar banho, jantar, fazer suas necessidades, ficar com a família e amigos, ir para a religião, praticar esporte, estudar, lazer... quando ele terá tempo para a política caso ele tenha um cargo?

Se esse trabalhador for eleito vereador terá poucas horas do dia para exercer sua função. Por isso a importância da remuneração. A remuneração permite que o trabalhador afaste do seu trabalho ou que tenha menos funções para se dedicar ao cargo que foi eleito. O problema é que muitos dos eleitos continuam nos seus trabalhos e funções ganhando dos dois lados. Mas essas questão é fácil de ser resolvida, basta o povo votar em candidatos que irão se dedicar ao cargo e não em candidatos que só querem o salário. A solução está no voto e não na redução do salário.

Reduzindo o salário dos vereadores o que irá acontecer? Os eleitos irão abrir mão dos seus empregos? Claro que não!. Vão acumular ainda mais funções. Ou seja, não terão tempo. Por isso sou contra essa campanha de redução para valores baixos. Podemos reduzir sim, mas para um valor que seja justo, tendo em vista a importância do cargo.

Com citei anteriormente, o cargo de vereador é o mais importante do Legislativo, não pode se forma alguma ser o salário mais baixo da Câmara. Tal proposta é um retrocesso. É um ataque a luta dos trabalhadores.

domingo, 6 de setembro de 2015

Nosso exército!

Nosso exército!

Paulo Lucio – Carteirinho

Em período de greve muito se escuta falar em unidade. A união de toda a categoria. 100% de paralisação. Greve geral... e por aí vai.

Muito bonito na teoria. Mas na prática é complicado. Tendo em vista que nossa categoria é muito heterogênea. São vários cargos: carteiros, atendentes, otts, motorista, motociclistas, administrativos –supervisores, coordenadores, gerentes, diretores....). Cada um com um salário.

Outro detalhe é a questão de tempo de casa. Temos várias gerações diferentes. Temos colegas que entraram na empresa na época da Ditadura Militar. Outros nos governos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma. Ou seja, em épocas diferentes. Passando por diversas situações.

Os mais novos - o qual me incluo – pegamos uma época boa. A era PT foi muito boa para a categoria. Tivemos grandes conquistas: aumentos acima da inflação, 30% de periculosidade, anuênios, vale peru, vale cultura, 4 ticktes extras, abonos, GIP ... .

No passado não tão distante, era Collor/Itamar e FHC era arrocho salarial. Inflação acima de dois dígitos e reajustes abaixo de 2%. O que explica o fato de que os mais novos recebem quase que a mesma coisa que os mais velhos. Foram anos e anos sem reajustes. Com várias demissões.
Sucateamento público e o terror da Privatização.

Mas não vim aqui para falar de governos. Venho falar da categoria. Analisar o perfil do nosso exército.

Estamos espalhados Brasil a fora. Das capitais ao interior. Sendo que temos muito mais funcionários no interior do que nas capitais. Para quem trabalhar no interior o custo de vida é bem menor. Chamo atenção para outro detalhe, nossos salários são maiores que das outras categorias, que não chegam a valor do nosso ticket. Isso explica porque muitos do interior não aderem a greve. Trabalhar nos Correios é o sonho de muitos no interior.

Destaco também que dentro de uma unidade temos várias diferenças. Vou citar o exemplo de um CDD para facilitar o entendimento. O CDD Cataguases/MG. São cerca de 23 funcionários. Tem um gerente, supervisor e um administrativo. Os três maiores salários do CDD. Vocês acham que esses vão aderir ao movimento paredista? Claro que não, ou seja, restam apenas 20.

Desses 20, temos 4 motociclista e 2 motoristas. Em breve serão, 5 motociclista e 3 motoristas. Vale lembrar que quem tem portaria ganha mais que os demais. Além da função, a grande maioria trabalha sábado, recebendo de 3 a 4 tickets (30 - 31 dias), além de 15%. Somando tudo ultrapassa chega a R$ 500. Para eles o salário é ruim?

Restam 12 carteiros. Sendo que alguns são antigos, inclusive já aposentados. Ou seja, possuem duas rendas. Ganham mais. Nunca fizeram greve, vão fazer agora? Como conseguir sensibilizar esses companheiros para ir a luta por quem ganha menos?

Vale destacar que quem ganha menos não estão indo para a luta. Afinal, quem ganha menos normalmente são os mais novos, que até pouco tempo estavam desempregados ou ganhando menos em outros empregos. O cara consegue passar no concurso público, ganhando muito mais que antes, com vários direitos vocês acham que eles vão querer ir para greve?

Destaco também que os mais novos não gostam muito de entregar cartas. O negócio deles é tentar trabalhar interno. Conseguir um cargo. Crescer na empresa. Com isso, muitos não vão aderir a greve com medo de prejudicá-los. .

Conclusão, de um CDD com 23 funcionários, um ou outro que que vai aderir ao movimento. Esse é o nosso exército. Acho muito difícil conseguir uma mobilização para uma greve geral. Ou por aumento salarial sem saber ao certo o quanto estamos pedindo. Qual é a nossa proposta? Apesar de que o ACT engloba várias outras reivindicações.

Citei o exemplo do CDD Cataguases que representa bem outras unidades, do interior e até mesmo da capital. Somos uma categoria formada por vários cargos e gerações.

Cabe ao movimento sindical analisar o perfil do nosso exército e tentar conseguir formas de mobilizá-los.

Venho sugerindo a tempos paralisações temáticas. Sendo mais objetivas. Por exemplo, vamos tirar um dia de paralisação para defender o Plano de Saúde. Será apenas um dia, sendo que repetiremos outros dias até que a empresa atenda nossa reivindicação.

Vamos fazer um dia de paralisação para cobrar o pagamento da PLR.

Acho que dessa forma teremos conseguiremos uma grande mobilização. Chamar para greve por tempo indeterminado é complicado. Ainda mais quando sabemos das táticas da empresa para enfraquecer o movimento, descontando os dias parados. Outro detalhe é que a grande maioria do ACT estão parando no TST, que nos obriga a voltar ou aceitar uma mediação que nem sempre é boa para nós.

Manifestações temáticas. Esse é o caminho. Conseguiremos mobilizar uma quantidade maior de funcionários.